existe sempre alguém ...passo e fico como o universo...
26
Fev 07
publicado por alemvirtual, às 09:40link do post | comentar | ver comentários (2)

 

 

Domingo, 25 de Fevereiro, saio de casa às 9h 15min, rumo à Costa de Caparica e ao Grande Prémio do Atlântico.

 

 

 

Manhã amena, embora húmida e ameaçadora de chuva. De vez em quando, os castelos fofos de tonalidade metálica, deixam vislumbrar um pedaço de céu azul, como pano entreaberto num palco não revelado.

É maravilhosa a paisagem sobre a Costa…estendendo-se, lá em baixo, num convite mudo de contemplação. Prefiro ignorar as altas construções que se impõem a meus olhos e deleitar-me apenas no vaivém das ondas que se quebram na praia. Naquele momento, nada mais existe para além da beleza natural deste pedacinho do meu país. O olhar perde-se no horizonte, acompanhando os recortes da costa como curvas em corpo de mulher…O Atlântico faz ouvir a sua voz, hoje não com rugidos ferozes e agrestes, mas numa canção que poderia bem ser de embalar…suave…subindo de intensidade…suspendendo a voz….envolvendo…e…finalmente libertando toda a emoção numa dança íntima na areia…desfazendo-se em espuma suave e recomeçando aquele bailado incansável…

Comecei a descer até à povoação.

Costa de Caparica, nome nascido de lenda magnânime, de tempos antigos, terra como manta de retalhos… serra e mar. O mar da Costa é bravio, altivo, incontrolável, outras vezes meigo, suave, fraterno…mar, fonte de pão e mar última morada.

 

 

Grande Prémio do Atlântico. Que nome mais sugestivo e adequado para a prova que iria acontecer. O Atlântico atrai e atraiu à prova mais de mil atletas.

Aquecimento feito, dorsais postos, tudo em ordem, todos em posição…o estampido do tiro fez-se ouvir e lá partiram à desfilada homens e mulheres, como se inebriados pelo apelo do mar, a ele se fossem lançar em correria louca.

Eu fiquei. Mas parti com eles.

Emocionei-me. Na primeira linha, partiram dois atletas com guias. Soltando um brado forte, libertando toda a energia contida, lançaram-se para frente e eu fiquei sem saber, qual dos dois, em cada par, é mais feliz quando parte e qual dois é mais feliz quando chega. Vencer, vencem ambos. Porque não desistem, porque estão para além das limitações impostas. É indissolúvel a vitória, o sucesso, o esforço, o cansaço, talvez o desânimo, por vezes… quem sabe?

Os guias treinam à chuva, ao vento, ao calor e ao frio apenas para serem os olhos de quem não vê. Poderá haver maior abnegação?

 

 

No meu lugar, bem junto à linha da Meta, aplaudi, incentivei e elogiei todos quantos ali passaram. Contagiei alguns dos que assistiam, fizemos a festa da assistência, festa não para nós, mas para os outros. Quem fica para aplaudir o esforço dos que correm e partilhar o prazer sentido nesse esforço, também é uma forma de doação. É apenas mais uma gotinha de água, na imensidade de tudo quanto faz de uma corrida um sucesso.

Não saí do mesmo sítio. Não senti o suor escorrer pelo rosto. Não tive um tempo para cronometrar. Ainda assim, senti-me parte do Grande Prémio do Atlântico. E quando a prova acabou, a mesma chuva que principiou a cair em cima dos corpos quentes dos atletas, foi a mesma chuva que molhou os meus pés frios.

Pertenço ao mesmo mundo.

 

A.P.


23
Fev 07
publicado por alemvirtual, às 17:52link do post | comentar | ver comentários (2)
 
 
 
Saí de casa cerca das 11h 30min.
A manhã estava luminosa, embora algumas nuvens escuras se aproximassem no horizonte. No céu de um azul pálido, os meus olhos seguiam as formas e figuras daqueles castelos brancos que ora se apresentavam de forma indefinida ora assumiam o perfil de personagens da minha infância. Esta brincadeira durou até chegar à Pista de Atletismo.
A temperatura era amena e sentia-se muita humidade no ar. Tirei o casaco e soube-me bem o vento fresco nos braços. Aumentou a minha sensação de liberdade. Estes momentos são para mim uma autêntica evasão.
 
O mesmo grupo de homens (desta vez eram só dois) que há uns dias atrás me tinha convidado a acompanhá-los nas suas voltas à pista, cumprimentou-me e, mais uma vez, convidou-me a correr com eles. Aceitei. Hoje, já me sentia melhor.
Durante 30´ corremos e conversámos.
Um dos “companheiros” de treino, parecia estar com mais dificuldade e corria calado, um pouco mais atrás.
 O outro senhor corria a meu lado e falou dos seus treinos, de como gosta de se juntar à multidão que aos Domingos, na praia, corre da Costa até à Fonte da Telha, das provas difíceis em que participou – como a de Manteigas-, das Maratonas que fez…das taças e prémios que ganhou…
Eu sorria…sou uma migalhinha comparada com aquela experiência e memórias de uma vida a correr. Mas contei que corro há poucos meses, que me tinha lesionado na Corrida dos Reis e que agora recuperava e esperava estar bem física e psiquicamente para ir correr à terra que muito amo: Constância.
A referência à Vila-Poema tornou os meus companheiros ainda mais entusiasmados. Até o que vinha calado, falou. Todos adoram Constância e teceram os maiores elogios à prova, à terra e às gentes. Senti-me orgulhosa. Constância emociona-me.
Falávamos e corríamos…
Despedimo-nos com um “Até sempre”.
Eles ainda voltaram a gritar: “Apareça! Corra connosco. Correr sozinha é aborrecido!”
Eu agradeci e sorri-lhes. Nunca me aborreço de correr sozinha – pensei. No entanto, reconheço que este treino foi mais agradável com a companhia daqueles desconhecidos. Era assim que todos deveríamos ser, em todas as situações da vida.
Respeito, camaradagem, convívio, entreajuda, igualdade e solidariedade…valores que encontrei na minha primeira corrida e que me seduziram a entrar neste mundo…são estes valores que, hoje, voltei a encontrar…
Cada vez que corro, regresso fortalecida. Não só no corpo, mas no espírito. Faz-me acreditar que o mundo não está assim tão despido daqueles valores que, deveriam fazer desta “bola azul”, a casa de uma enorme família…
 
A.P.

22
Fev 07
publicado por alemvirtual, às 18:08link do post | comentar

 

 

Correr

Quem nunca ouviu dizer que "quem corre por gosto não cansa?"

Ou ainda aquele slogan bonito da Corrida do Tejo "Sofres mais quando corres ou quando não sais para correr?"

É claro que na vida podemos "correr" por muita coisa ou para muita coisa....correr por quê e para quê?...correr para a família ou para os amigos...para o emprego e por um emprego...para um transporte,  para uma consulta ou uma reunião.......para um programa de tv ou para acabar de "devorar" aquele livro de que tanto gostamos...para fugir a uma chuvada repentina ou para encontrar um local fresco...corre-se por vontade e contra vontade, numa corrida contra o tempo...

Eu gosto de correr por prazer, no verdadeiro sentido da palavra correr.  Sofro mais quando não saio para correr.

Mas hoje saí. Corri, não muito tempo, apenas 30´, mas fiquei e fui feliz. Quase não senti dor e consegui um ritmo  mais rápido. Creio estar no bom caminho... Amanhã irei tentar os 45´, se me sentir como hoje.

Nesta altura do ano, e graças à chuva abundante, tudo é verde e viçoso...começam a surgir as primeiras flores, prenúncio da Primavera. Nos campos já florescem as urzes (a minha flor campestre preferida), giestas, acácias e malmequeres. Gaios, pardais, melros e outras avezinhas cruzam o meu caminho...pousam suavemente em algum ramo de pinheiro ou perscrutam  a terra em busca de alimento. Um sol tímido espreita por entre as nuvens, tornando a manhã amena e aprazível o campo. E eu corro. Parece que o vento brincando na folhagem das árvores, sussurra doces palavras de incentivo para mim...acompanham-me essas palavras imaginadas e o meu pensamento de asas soltas parte à desfilada por este e outros percursos. Encho os pulmões do ar fresco da manhã e acho-o delicioso. Sinto-me leve e livre.

Sou livre quando corro. As amarras caem ao chão, desfazem-se em cada passada que dou. E eu, impulsionada por esta sede de liberdade, afugento os aguilhões que me prendiam...destruo o mundo em que vivia e construo um outro mundo, nas asas da minha imaginação.

Eu sonho. Eu vou. Eu corro.

A.P.

 

 


21
Fev 07
publicado por alemvirtual, às 17:14link do post | comentar

Há dois dias que recomecei a correr. Treinos muito ligeiros e muito curtos, já que a dor que me prende a perna esquerda ainda não desapareceu.

 

O “meu” fisioterapeuta disse-me que podia recomeçar, por isso, apesar do incómodo da dor, foi com muita satisfação e um sorriso enorme, de orelha a orelha, que voltei aos meus treinos diários.

 

Muitos exercícios de reforço muscular, foi o que aconselhou. Correr, só em terreno suave, relva de preferência, num ritmo calmo e por períodos curtos de tempo. Antes e depois do treino, usar e abusar de exercícios de alongamentos e estiramentos. Gelo, muito gelo… Enfim, estou a cumprir todas estas sugestões para uma recuperação total. A dor conforme apareceu há-de desaparecer, é a minha convicção. Se fiz tudo (e continuo a fazer) quanto me recomendaram é porque esta sensação irritante no músculo há-de desistir de se fazer sentir.

Quando é que me sentirei totalmente bem, isso é que não sei…

 

Hoje, a pista de atletismo estava bem animada. Sobretudo pessoas que, pela aparência, deveriam estar a gozar mais um dia de merecida aposentação. Logo que comecei a correr, um grupo convidou-me a juntar-me a eles. Insistiram pois corriam devagar. Mas não conseguiria correr no seu ritmo ainda que, de facto lento. O meu era bem mais lento!

Aos 23´desisti. Já não aguentava a dor e parei. Há que ser paciente…

Ontem, tinha feito 30´, sem grande dificuldade.

Amanhã, tentarei outra vez, os 30´.

 

Cada vez me comparo mais com uma lesminha, daquelas que se atravessam no caminho!!! Diferente das lesmas, só mesmo a gordura… não sou nem nunca estive redondinha como elas. Hoje, pesei-me. Acto perfeitamente dispensável, pois o peso oscila pouco. Tinha 46,4 Kg. Vá lá, ainda não perdi tudo… antes de começar a correr, ou seja, em Agosto/Setembro do ano passado, só atingia os 42 Kg, em dias de festa!

 

Já tinha chegado a pesar quase 48!! A corrida fazia-me aumentar o peso. Estava a ganhar massa muscular, acho eu. Agora, estou outra vez magrinha, magrinha. Para uns, elegante, para outros tipo anoréctica, para quase todos, só “pele e osso”. Há quem tenha dificuldade em emagrecer. Eu tenho dificuldade em engordar. A culpa é dos genes! Ai estes “bicharocos” são muito teimosos! De qualquer forma, não me lamento. Aceito-me tal como sou e estes “desabafos” não passam disso mesmo…palavras ocas, sem qualquer motivo de preocupação.

 

Voltei a correr. Em breve participarei numa prova pequena. Tenho pena que a minha estreia numa Meia ainda esteja distante, por causa deste interregno. Mas há-de chegar esse dia…em breve, muito em breve. Afinal, cada dia que passa, é menos um dia que falta!

 

A próxima foto a colocar será a minha com uma LINDA MEDALHA!

A.P.


12
Fev 07
publicado por alemvirtual, às 12:07link do post | comentar

Hoje, comecei a criar um novo blog associado a este: outra_alma.blogs.sapo.pt

Era preciso começar a arrumar "a casa". Estava tudo misturado...é o que faz a falta de tempo. Pouco a pouco quero colocar alguma ordem nisto, senão é o caos total. A entropia originaria, a muito curto prazo, a ruptura total do sistema, que é como quem diz, leitores ZERO. Não que escreva propriamente para alguém, no entanto, ao colocar-se seja o que for na internet essa informação fica acessível e sujeito à crítica pública. Assim, pelo menos que esteja separada por áreas temáticas a minha simples participação na "blogosfera".  Seriedade e responsabilidade nunca são demais, ainda que se participe apenas "porque sim" e com espírito "desportivo" e amador.

A breve prazo, gostaria de criar um fotoblog, mas isso ficará para "terceiras núpcias".

Primeira área: além do virtual: dedicada ao meu  recente e pequeno mundo da corrida;

Segunda área: outra_alma: dedicado ao meu mundo interior e ao mundo interior de tantos outros, nos quais me aventuro a entrar e a desbravar "outros mundos"

Agora, terminada a "paragem do almoço" vai entrar ao serviço a A.P. profissional...hoje o dia é muito loooonnnngo.

A.P.

 


11
Fev 07
publicado por alemvirtual, às 15:46link do post | comentar

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No dia 7 de Outubro de 2004, numa tarde quente, tocaram a minha campainha. Uma “grande” comitiva subiu as escadas, transportando uma cesta ao colo. À frente, a Leonor (7anos), a Beatriz (5anos), o João Augusto (4 anos), depois a Paulinha (12 anos), seguidos da minha irmã Leninha (mãe adoptiva da Paulinha) e da minha amiga Anabela (mãe da restante “creche”)…Todos com um sorriso, enorme, contrastando com o ar ainda pesaroso das duas adultas…

(Importa dizer que, dois dias antes, o Spot – o cão dos meus filhos, um alegre Fox Terrier, - tinha morrido de forma trágica e por minha culpa, ainda que provocada involuntariamente. Todos nós gostávamos do Spot e o desgosto causado pela sua morte foi enorme, mas essa história fica para outro dia)

Vinham oferecer algo para “compensar” a perda. Abriram a cesta…e uma bolinha minúscula de pêlo branco chegou a minha casa. Parecia um peluche de dimensões reduzidas. Tão reduzidas que, qualquer pequeno espaço ou buraco se tornavam abrigos secretos para ele. Durante muito tempo não conseguiu subir ou descer um passeio, um degrau, descer de um sofá (punha-o aí se por acaso queria limpar o chão e evitar que ele o pisasse…fosse qual fosse o tempo necessário ele lá ficava) ou sequer andar na rua com uma trela (peso enorme para ele). Estes passeios na rua eram um verdadeiro delírio para quem o via, pois o pobre animal, fincava as patinhas no chão e não andava…deslizava como se estivesse em cima de um skate, quando lhe puxávamos a trela. Era frequente ouvir: “Deixem passar a formiga” – se, por acaso queria atravessar a rua ou: “Tens uma amostra de cão” ou ainda: “Deram corda ao peluche”…

Mas voltando ao dia em que ele entrou nas nossas vidas…

Ao princípio tínhamos alguma dificuldade em olhar para ele e aceitá-lo. Era como se fosse uma traição ao Spot. Referíamo-nos a ele dizendo “ele” ou “o cão”… nem nome tinha sequer…Um dia, enchi-me de coragem, chamei os meus filhos e disse-lhes:

- Convoquei esta reunião familiar para escolhermos um nome. Deve ser um nome com bastante sonoridade, fácil e engraçado.

Muitas sugestões… Finalmente…”ÓSCAR”. E ficou Óscar.

 

O Óscar foi comprado com sarna ou uma doença parecida, mas que se desconhecia ser portador. Dormiu as primeiras noites com o meu filho e, passados dois dias, ele não aguentava a comichão e as manchas vermelhas (sintomas psicossomáticos pela morte do Spot ou qualquer reacção alérgica, pensei). O Óscar veio dormir comigo. Passou-se exactamente o mesmo. Durante mais de um mês, quem quer que se aproximasse do Óscar ficava irremediavelmente cheio de manchas e comichão… coitado do Óscar. Muitos foram aqueles que tiveram de recorrer ao hospital, incluindo nós, lá de casa, claro! Medicamentos, análises, banhos….enfim…nada se comprovou, mas pouco a pouco tudo passou.

 

E passou também o tempo e, com ele, muitas peripécias e histórias engraçadas…outras nem tanto.

Lembro-me daquela vez em que, num dia de jogo do Europeu de Futebol, bem perto da final, em que Portugal jogava com uma equipa de que não me recordo o nome, o Óscar tinha resolvido banquetear-se até mais não poder no prato do seu “irmão emprestado” sem que eu soubesse…deitou-se no chão da sala, perto de mim, todo esticado, imóvel, sem reacção nenhuma. Eu, aflita, dizia :”Osquinho, Osquinho” – tentando perceber o que se passava com ele. Entrei em histeria. O Óscar não se mexia, não reagia. Prostrado. Quase inanimado. Corro para um Hospital Veterinário. Fica o jogo. Os preparativos para o jantar, ao qual deveriam comparecer alguns amigos…tudo é deixado para trás. Eu, só imaginava o meu Osquinho morto. Estava desvairada. No hospital, radiografia para cá, análises para lá, apalpa aqui, mexe ali…diagnóstico: excesso de comida. O trânsito intestinal estava parado. Clister e mais clister…”Não há motivo para alarme – disse o veterinário. É o que acontece a quem tem mais olhos que barriga!”

 

Há mil histórias do Óscar para contar.

 

Todos gostam dele. Companhia fiel em todos os momentos. O Óscar enche a casa com as suas brincadeiras e as nossas vidas com a sua alegria.

Tal como o slogan da Pedigree “Somos pelos cães”, eu digo “Somos pelo Óscar!” Grande amigo de 4 pequenas patas!

 

 

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09
Fev 07
publicado por alemvirtual, às 16:54link do post | comentar

 

De novo aqui… Agora, um pouco mais animada.

 

Estou a recuperar de uma gripe que me atacou de repente. Creio ter sido uma gripe. Temperaturas altas, dores em todo o corpo, a cabeça então, essa parecia que ia rebentar… Ontem, todo o dia não consegui sair da cama. Dormia e acordava. Esses sonos febris, sonos de alguns minutos, mas que, ao acordar, pensamos ter decorrido uma eternidade.

 

Na quarta-feira consultei um fisioterapeuta. É alguém que opera maravilhas. Garantiu-me que, com o tratamento prescrito, ficarei “em forma” para voltar a correr. Até que ele me dê “luz verde” nada de corridas. Assim farei, pois quero recuperar definitivamente e não andar mais neste “ping-pong” de “corre-pára”.

 

Vejo as provas, em que gostaria de participar, aproximarem-se a passos largos e eu aqui inactiva! Que frustração!

 

Todos os dias, olho para o calendário e conto o tempo que falta. Subtraio o tempo perdido e faço contas aos treinos possíveis, em datas hipotéticas de recuperação. Falta cada vez menos…menos tempo, menos treino, menos boa forma.

 

 Nunca imaginei que o “bichinho” da corrida fosse tão persistente…Instalou-se bem dentro de mim e, “maldito bicharoco”, não tem intenção de partir tão cedo. Fico feliz que assim seja. Com tantas contrariedades, continuar com vontade de correr só vem provar que a corrida não era capricho passageiro. Eu não precisava de provar nada a ninguém, nem a mim sequer…já sabia que seria assim, desde a primeira vez que calcei umas sapatilhas de corrida… Quando se sente o prazer que senti e esse prazer se identifica com os nossos momentos diários de felicidade, é algo que nunca mais se quer perder.

Porque é importante, gostamos de dar disso testemunho.

Estou parada, mas não desisti. Esta é apenas uma pausa, antes de me lançar novamente no mundo da corrida. Desta vez, será ainda melhor, pois já conheci o sabor amargo de não poder correr. Este serve também para valorizar ainda mais a felicidade de vestir um fato de treino e sair por aí…

 

 

A.P.

 


publicado por alemvirtual, às 11:48link do post | comentar | ver comentários (2)

 

Uma noite tive um sonho...
 
Sonhei que andava na praia com o Senhor e através do céu, passavam cenas da minha vida.
Para cada cena que passava, percebi que eram deixados dois pares de pegadas na areia: umas eram as minhas e o outras do Senhor.
Quando a última cena passou diante de nós, olhei para trás, para as pegadas na areia e notei que muitas vezes, no caminho da minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia.
Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis e angustiosos do meu viver. Isso entristeceu-me e perguntei então ao Senhor:
 
- Senhor, Tu disseste-me que, uma vez que resolvi seguir-Te, Tu estarias sempre comigo. Contudo, notei que, durante as maiores atribulações do meu viver, havia apenas um par de pegadas na areia. Não compreendo porque nas horas em que eu mais necessitava de Ti, Tu me deixaste sozinho.
 
O Senhor respondeu-me:
 
- Meu querido filho. Jamais te deixaria nas horas de provas e de sofrimento. Quando viste, na areia, apenas um par de pegadas, eram as minhas. Foi exactamente aí que eu peguei em ti ao colo.
 
 
Adaptado do  livro "Pegadas na areia" - Margareth Fishback Powers - Ed.Fundamento
Este é um texto que me tem acompanhado. É para mim uma oração.
Esta manhã, desejei que Jesus me agarrasse ao colo e me embalasse. Foi difícil.  Já passou. Talvez Ele me tenha de facto embalado...Prometi espalhar a Sua mensagem de todas as formas que conseguir, por isso, a juntar a tantas "Pegadas na areia" publicadas, aqui fica mais uma...
A.P. 

07
Fev 07
publicado por alemvirtual, às 14:05link do post | comentar | ver comentários (2)

 

Há uma semana que tinha recomeçado os treinos. Treinos leves na relva. A lesão contraída, talvez por demasiado esforço físico, ao longo do mês de Dezembro e início de Janeiro, estava melhor. Quase não doía e a vontade de recomeçar era imensa...

“Devagar que tenho pressa”, costumava-me dizer a minha mãe, quando eu era pequenita. Tinha razão. Tive pressa e não aguardei o tempo suficiente para recuperar totalmente. Agora, embora tenha tido muito cuidado e seguido à risca as orientações que me foram transmitidas, piorei. A dor voltou...terrível esta dor. Tento disfarçar aos olhos dos outros, mas é inevitável que coxeie. Rendo-me à evidência: não estou em condições de correr. A fim de não retardar mais o recomeço dos treinos de forma sistemática, tenho de renunciar à tentação.

 

No dia seguinte, à corrida de S. Silvestre, fiz treino Fartlek-. Passado mais um dia, e uma vez que a Pista de Atletismo já tinha reaberto, fiz séries: 10 séries de 150m porque já não aguentava distâncias maiores. Não o deveria ter feito…mesmo aquelas curtas distâncias, pois a dor já se tinha instalado, mas insisti. Terminei quase a chorar de dor e de raiva por me estar a acontecer aquilo.

Eu, que pretendia aumentar a minha velocidade, obtive apenas como “recompensa” a inactividade. Era uma corredora lenta. O meu melhor tempo, em provas de 10 Km, foi de 52 minutos. Queria melhorar. Arrastava-me (achava eu) como uma lesma. Apesar de ser leve, essa leveza não parecia ser transmitida para a corrida nem implicava um aumento de velocidade. Tinha (e tenho) muito pouco tempo de treinos regulares. Era urgente inverter a situação. Compensar a ausência total de prática desportiva, em décadas de existência, com um investimento cada vez maior. Mas não se podem queimar etapas nem praticar loucuras. Cada um tem o seu ritmo e eu tinha o meu. Incluindo o meu próprio ritmo de capacidade de recuperação do esforço. É preciso fazer uma pausa. Fazer um descanso activo (como me dizem), com exercícios adequados, para não perder totalmente, o pouco, já conseguido.

Há avanços e recuos, Ganhos e perdas….é assim em todas as situações da vida e também no mundo da corrida.

A.P.


05
Fev 07
publicado por alemvirtual, às 10:56link do post | comentar | ver comentários (3)

 

Constância com os rios Tejo e Zêzere

O dia amanheceu de mansinho…

Um manto de nevoeiro desceu sobre a terra… aqui e ali, um telhado, uma chaminé ou a copa de uma árvore, altivos e desafiantes, rompem a cortina branca…

A realidade torna-se difusa, esbatida, misteriosa, envolta no nevoeiro. Aos meus olhos parece que surge Constância… também ele (o nevoeiro) uma constância em Constância…Quando nessas manhãs, me aproximava de Constância, apenas via dois imensos braços brancos, serpenteantes…ondulantes…sabia que, abaixo deles, dois rios corriam e se abraçavam um pouco à frente. Ocultavam-se aos olhos de quem passava, mas eu sabia-os ali, conhecia-os, chamava-os pelo nome. Erguida acima desta brancura, vislumbrava-se o cimo da torre da Igreja Matriz. Apenas a torre denunciava a existência de obra humana, de mãos dadas com a beleza natural da “vila-poema”. Adivinha-se o casario disposto encosta acima, de olhos postos nos rios…

Os meus rios…

 

Recomecei a correr. Pouco, muito pouco porque ainda tenho dores. À tarde, irei correr mais um pouco e, estes poucos todos somados, espero que sejam os suficientes para regressar a Constância, não de visita a familiares e amigos, mas como participante no Grande Prémio da Páscoa.

Há muito tempo que conheço esta prova (mas só como parte integrante de um vasto programa festivo). Se Deus quiser, este ano, o meu nome integrará a lista dos inscritos na corrida. Sinto-me nervosa, excitada, ansiosa por esse dia. Saboreio antecipadamente a emoção de me sentir “em casa”, desta vez, desvendando aos outros, um outro pedaço do meu “eu”. Conheço cada curva do caminho, cada pedaço de rio… as escadinhas, as subidas, os recantos, as caras e os nomes…Colaborei tantos anos nas Festas de Nossa Senhora da Boa Viagem (Festas do Concelho, nas quais se integra o G. P. Páscoa) e, ironicamente, não conheço o percurso da corrida. Apenas sei de onde parte e, de forma vaga, alguns locais de passagem.

Constância, nestes dias, veste-se de flores, milhares de flores de papel…um trabalho árduo, ao longo de muitos meses, para três dias de Festa. Ruas, arcadas, portas e janelas são decoradas, noite dentro, para que, pela manhã de sábado, surjam diante de nossos olhos vestidas a rigor. A arte nasce destas mãos hábeis…o papel ganha forma e vida…A azáfama é inimaginável, mas o carinho pela terra não permite lugar ao cansaço.

De olhar deleitado pela beleza das ruas, parte-se à descoberta dos sabores…peixe frito do rio, caldeirada à fragateiro, migas carvoeiras…e, suprema delícia, os divinais “Queijinhos do Céu”, acompanhados por um licor de fruta, preparado no segredo e no silêncio das Irmãs do convento de clausura…digno dos deuses.

Há mil e um motivos para descobrir Constância. Há mil e um motivos para querer voltar e outros tantos para não querer partir.

Constância seduz-nos e é um amor para sempre.

 

Como eu gostava de ir correr em Constância…

Vou treinar para ir, embora saiba que não depende só disso, infelizmente. Há coisas que não dependem de nós. Vou correr e desejar muito que o milagre que tanto anseio se realize. Acredito que tudo o que desejamos de bom, se desejarmos com muita força, mais tarde ou mais cedo, acontece. Já aconteceu muitas vezes, vai voltar a acontecer.

 

 

Mas se eu não for, quem correr nesse dia, em Constância, leve saudades minhas e a promessa de que nunca desistirei.

Ide. Sereis bem recebidos. Vereis que, em cada olhar e em cada sorriso, se poderá ler “Sejam bem vindos…”

Esta é Constância que tanto amo.

A.P.

 


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