existe sempre alguém ...passo e fico como o universo...
30
Abr 07
publicado por alemvirtual, às 09:47link do post | comentar | ver comentários (7)

Terry Fox

Este era o rosto de Terry

Esta a sua forma de luta

 

Dia 5 de Maio será a Corrida Terry Fox, a favor da Liga Portuguesa contra o cancro.

 

Todos conhecem a Corrida, celebérrima, após a Maratona da Esperança, protagonizada pelo Terry. Conhecem a sua história e a sua luta de coragem; uma guerra pacífica contra a doença invasora: osteosarcoma  (cancro dos ossos).

 

O ano passado, o primeiro a marcar a minha entrada no mundo da corrida, não pude participar. Por essa altura, a minha filha estaria no Instituto Português de Oncologia a ser submetida à sua quarta cirurgia. Neste momento já fez cinco. Tem cancro. É, custa a dizer, custa a escrever. Preferimos as terminologias "doenças oncológicas" ou "tumores", para suavizar aquilo que não pode ser suavizado. É terrível demais: cancro. 

Não se pode falar em cancro, mas em cancros. Há muitas formas desta doença, muitos patamares de agressividade, mas o peso que tem ouvir a palavra "cancro" dever ser igual para todos ao início. É como se o céu se abatesse e o mundo nos caísse em cima. Creio que se fica até meio adormecidos, num estado de torpor, do qual só se sai quando a dura realidade nos exige que lutemos.

 

Terry foi um exemplo de coragem e determinação. Há imensos Terry  por este mundo fora, desconhecidos, mas igualmente lutadores. Há milhares, até bem perto de nós, talvez ao nosso lado, talvez nos nossos amigos, talvez na nossa família...

 

Correr contra a doença. Correr pela investigação. Correr para ajudar quem precisa de ajuda. Correr por quem não pode. Correr para que sejam sempre lembrados. Correr para não desistir. Não desistir desta luta desigual e não desistir de quem luta.

É por eles, por quem luta em silêncio ou em altos brados de dor e sofrimento que eu desejava ver o meu país inteiro a correr...

 

 

Dia 5 de Maio quero correr por ela, por todos os que conheço e por todos os que não conheço, mas por ela especialmente. Pelos doentes que lutam pela vida, mas também por aqueles que lutam para lhes salvar a vida.

 

No dia 5 de Maio, corram comigo pela Vida.

 

  http://sol.sapo.pt/blogs/alemvirtual/default.aspx


28
Abr 07
publicado por alemvirtual, às 09:46link do post | comentar | ver comentários (4)

 

 

Esta é a minha expressão de felicidade quando vou correr. Sinto-me leve e livre, como o Tweety ao encontro da Primavera.

 

Lesionei-me no Correpraia. Não posso correr. Toda a semana não corri. Tenho um Sylvester sempre atento...Oh!!!...sinto-me um passarinho dentro de uma gaiola...vigiado...

 

 

 

- Vá lá...deixa-me ir correr um bocadinho....O pé já está melhor....

 

 

 

- Vou estar contigo debaixo de olho. Só corres quando estiveres boa!

 www.allposters.com/-sp/Looney-Tunes-Tweety-Pi...

 

Se eu não soubesse que lá no fundo, bem lá no fundo tens uma minúscula pontinha de razão...


25
Abr 07
publicado por alemvirtual, às 08:28link do post | comentar | ver comentários (1)

 

ofunil.blogs.sapo.pt/arquivo/cravos_h.gif 

 

Pausa para reflexão....


22
Abr 07
publicado por alemvirtual, às 12:47link do post | comentar | ver comentários (7)

(Foto retirada de: www.costapolis.pt/imagens/img_menu2.jpg)

 

 

 

 

img67/6411/correpraia017hl6.jpg

 

 

img67/7915/correpraia016xb4.jpg

22 de Abril de 2007

 

 

Hoje, correu-se na praia. Teve lugar a 16ª Edição do CORREPRAIA.

 

Manhã clara a antever um dia quente e soalheiro, brindava os que, à beira-mar, se iam concentrando, inundando de alegria a areia vazia da maré baixa.

 

9h 30m… lá partimos à desfilada, deixando para trás os recortes da Costa de Caparica, olhos fitos no horizonte difuso, por entre névoa, da bela praia da Fonte da Telha.

Uma edição antiga, sempre renovada, como se renova em cada onda, esta água cristalina que vem beijar a praia.

A nosso lado, o mar imenso, calmo, brincando em salpicos nas pequenas cristas das ondas. Um odor intenso a maresia…o iodo libertando-se das algemas marítimas invadia a orla costeira, penetrando em nós, correndo o labirinto do nosso sangue, de cada uma das nossas células. Inspirava, avidamente, querendo purificar tudo em mim.

A areia húmida, consistente, dava a sensação de correr sobre veludo…areia virgem de cor ocre, aqui e ali espelhando, ainda, pequenas poças de prata, sem tempo de se desvanecerem para logo serem acometidas por outra investida do mar…este mar que recuava, respeitosamente à nossa passagem.

À minha frente iam-se formando trilhos na areia, pegadas numa constância de movimentos calculados…marcas voltadas numa única direcção…a par…convergindo no mesmo rumo…pensei como seria a vida se nos caminhos da vida não encontrássemos pegadas contrárias…

 

Crrrrr….crrrrraaac…pequenas conchas, abandonadas pelos seus habitantes iam-se quebrando sobre os nossos pés, mais uma melodia ritmada a juntar à canção do mar e às nossas inspirações em esforço.

 

Olho o céu e vejo aproximar-se uma gaivota. Desce até junto de mim. Parecia olhar-me de modo especial…conhecendo-me no meu íntimo…

Olho-a...livre, exposta ao vento seguindo rumos traçados por si, sobre as águas, sobre as dunas, rumo ao céu…no seu rumo de gaivota. O céu é o limite.

Por breves momentos, fechei os olhos e senti a alma da gaivota penetrar-me…Olhei em redor e vi a praia e o mar afastarem-se e eu subia…subia…voava. Olhava e via agora, com olhos de gaivota. Uma massa humana, cromática, deslizava sobre a areia. E eu voava cada vez mais alto e sentia o gosto da liberdade. Já não me arrastava na cauda daquele pelotão, queimando-me o ar de tão puro em inspirações dolorosas. A praia tinha-me libertado. Sentia-me vivificada. O esforço terminara.

Agora, eu voava e rodopiava feliz embalada na brisa marítima. Abria as asas e planava. Saboreava a sensação de correntes quebradas. A meu lado, graciosa, sorrindo-me encorajadoramente naquele meu primeiro voo na praia, ia a gaivota. Era a Rainha das águas, a minha solitária gaivota. Onde estaria o seu bando?

O meu parecia ter chegado há uma eternidade quando pousei, suavemente, na areia. Ainda esbracejei, tentei mais um voo, esforcei-me…supliquei à gaivota, mas a magia acabara e com ela, uma gaivota afastava-se voando. Quis-me parecer que, num movimento de asa, ela me acenava em despedida.

Em breve, tudo quanto vislumbrava eram amigos aplaudindo, acompanhando-me com palavras de incentivo e passadas a meu lado. Perdera a gaivota, mas tinha reencontrado o meu bando. A magia acabara, mas voltava a sentir o poder mágico da corrida, correndo dentro de mim.

E de magia, se pode semear cada dia…

Parei o cronómetro quando passava 1h 19m 35 s, sobre o grito da partida.

Fabuloso o que este tempo pode representar…mas essa vai ser uma reflexão em palavras pensadas.

 

 

 

 

 

 


19
Abr 07
publicado por alemvirtual, às 08:26link do post | comentar | ver comentários (11)

(foto retirada de: pwp.netcabo.pt/johny/gintonico/cravos.jpg)

 

Por vezes, quando se gosta de algo há a tendência para estabelecer comparações ou analogias entre conceitos, ideais ou valores.

Apercebi-me que, ultimamente, comparo muitas vezes a corrida e tudo o que a envolve a situações da vida quotidiana, do real e da sociedade.

Foi o que me aconteceu, hoje, ao reflectir um pouco sobre o significado que a Revolução de Abril teve ontem e aquele que assume hoje, sobretudo para as gerações pós-fascismo.

 

Há 33 anos atrás, alguém organizou uma corrida diferente. Chamaram-lhe "Corrida pela Liberdade".

O povo acorreu em massa, ao chamamento. Concentrou-se. Sentiu a adrenalina invadir-lhe o sangue...inundar-lhe as veias...o coração acelerado, batia ao compasso da expectativa do momento...

Soou o tiro de partida aos acordes melodiosos de palavras cantadas, versos em bocas de poetas e sonhadores...

O pelotão avançava enérgico, compacto, imenso...

Muitos se foram juntando, aplaudindo e incentivando. Chorava-se de emoção, de alegria mal contida, refreada por anos de espera, chorava-se de esforço...

Sonhava-se o caminho, projectava-se um percurso fecundo de paz e de pão...

 

Mas alguns deturparam o caminho. Pouco a pouco tomaram atalhos...surgiram atropelos...agudizaram os trilhos. Já não corriam connosco. Corriam por outros caminhos e outras estradas confusas conduziram-nos à libertinagem, à tirania do mais forte, à subjugação do mais fraco, à violência gratuita, ao vandalismo e a outros contra-valores.

 

E o pelotão, outrora compacto, foi-se dispersando e muitos ficaram pelo caminho...

 

A prova continua em aberto e renova-se em cada ano, em cada dia e em cada momento...

Aceitam-se participantes de todos os escalões sem inscrição prévia. Basta querer.

O prémio é alicitante e chama-se "Liberdade".

 

(Nota da Organização:

- É uma corrida contínua

- Os atletas mais experientes devem ensinar os principantes a dosear o esforço para não haver desistências nem acidentes no percurso

- Não precisam de atestado médico nem de robustez física

- Garante-se uma sólida formação moral e prémios para todos

- O prémio recebe-se à partida

- Deve-se conservar intacto o prémio, durante todo o percurso

- No final da prova deverão fazer entrega do seu testemunho ao atleta que lhe suceder)

 

 

Para reflectir: Como é que eu vivo os ideiais de Abril, na minha vida? Que valores persistem? Qual é o meu testemunho?

 

 

"Em toda a parte só se aprende com quem se gosta."

Johann Goethe

 

 


18
Abr 07
publicado por alemvirtual, às 08:58link do post | comentar | ver comentários (3)

 

 

 

 

Ontem treinei.

"Olha a novidade!" dirão alguns. ..ou "Que tem isso de especial?" dirão outros.

Pois, foi mesmo um momento especial.

 

 

Ao final do dia...bem ao entardecer...quando o sol já declinava no horizonte saí para correr. Treino em estrada, acompanhada. E foi essa companhia que o tornou especial.

 

Lembram-se do "Principezinho" quando falava da rosa, da sua rosa e da resposta da "Raposa"?

"- Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante."

 

Ontem voltei a somar tempo ao tempo que alguém perde com o outro, precisamente porque esse outro lhe é importante.

Tinha saudades de voltar a sentir-me "a rosa", a única rosa do planeta do "Principezinho".

 

 

Fugi ao trânsito e encontrei estradas quase desertas. Nos jardins bem cuidados a mistura cromática das flores... flores em profusão...uma explosão florida de rosas, malmequeres, margaridas, glicínias...libertavam a sua sedução perfumada e eu inspirava profundamente. Queria reter aquele perfume. Também o das macieiras em floração...o das laranjeiras...ah! que aroma quente e doce. Queria, como o poeta, trazer um pouco daquele sol na algibeira.

 

Corrida, não muito tempo. 23´. Estou a entrar num plano de treino diferente: treinar todos os dias, ou a maior parte dos dias da semana, correndo entre 20 a 30 minutos seguidos de outro tanto tempo com exercícios específicos de musculação. O objectivo é o reforço muscular, elevando a sua resistência ao esforço e assim prevenir novas lesões. A última que contraí (na corrida dos Reis) ainda se vai manifestando...por isso, se quero ser feliz correndo, vou observar escrupulosamente a planificação de treino. Caso contrário tenho que encontrar outra forma de ser feliz.

 

E, aqui para nós que ninguém nos ouve...Se encontrei prazer e felicidade na corrida, seria louca ou masoquista se voltasse as costas a este mundo, não era? Pois...

Entrei nele e por aqui quero permanecer...É o meu planeta desabitado, algures perdido no espaço...encontrei-o.

É meu e nele eu também plantei uma rosa...


16
Abr 07
publicado por alemvirtual, às 09:25link do post | comentar | ver comentários (5)

img214/9897/camisolaspaula002ay8.jpg

A camisola laranja é minha e uso-a bastantes vezes. A branca também é minha, mas nunca a usei. Percebe-se porquê…

Foi uma oferta…

 

 
Falemos de prémios em provas desportivas, particularmente, das tradicionais t-shirts…
 
Desconheço quem procede à escolha e aquisição das “camisolas”. Desconheço o circuito que medeia entre o pedido de apoios e patrocínios até à entrega individual aos atletas. Mas conheço uma realidade: regra geral, as t-shirts não servem os objectivos que, supostamente, norteiam a sua atribuição, ou seja, a divulgação e promoção do bom-nome dos clubes e provas desportivas, a par das entidades que, louvavelmente, apoiam estas iniciativas.
Porquê? Porque para publicitar, divulgar e promover junto do maior número de pessoas possível quer os eventos quer as empresas patrocinadoras é necessário vestir a camisola. Ora, tal acto torna-se impraticável ou, pelo menos, nada confortável se o corpo da pessoa em questão for, por exemplo, um adulto para um tamanho S ou M e tiver recebido um exemplar L, XL ou mesmo XXL. Isto já sem referir que os “tamanhos grandes” são mesmo exageradamente grandes para a estatura média do povo português.
Assim sendo, não resta outra solução ao atleta que não seja guardá-la numa gaveta esquecida. Seja qual for a solução encontrada para o destino da dita t-shirt, não serve o objectivo inicial da sua oferta.
Por último, não serve sequer como recompensa, ou então é como um presente amargo, já que qualquer um se sente frustrado perante algo tão desajustado à sua pessoa. A oferta que se reveste de um carácter tão prático e funcional como uma peça de roupa, assume nestas alturas a distância dos brinquedos de há várias décadas atrás…ofereciam-nos…eram lindos…queríamo-los…mas…Não! Não se mexe. Não é para estragar! Tornavam-se inacessíveis diante dos nossos olhos.
Pensando em crianças, convém sublinhar que a situação dos tamanhos desproporcionados das t-shirts para o corpo da pessoa que a recebe, se torna bem mais frustrante se acontece com uma criança. A criança vive no imediato, no agora. Os estímulos (sejam eles positivos ou negativos), os reforços ou punições devem decorrer da acção praticada, sem hiatos de tempo. Como é que uma criança processa aquela informação de “Toma lá uma camisola, é a recompensa pelo teu esforço e empenho…mas olha vais vesti-la quando tiveres 23 anos, se o teu padrão de crescimento se situar acima da média”.
Por outro lado, o acto tão meritório dos apoios e patrocínios também é gorado, de alguma forma, pois o nome do “benfeitor” nunca verá a luz do dia.
 
Pois, este tom jocoso não é para melindrar, magoar ou desrespeitar ninguém. Foi a forma com que naturalmente saiu esta crítica que pretende ser construtiva.
Penso que, se há t-shirts, então que se adquiram mais ou menos de acordo com os utilizadores. Não deve ser tarefa impossível.
Sendo recorrente a situação acima descrita é um desperdício de verbas que deve ser corrigido.
 
Por mim, bastaria uma folha de papel (à qual se chama Certificado). Seria o suficiente para recordar e provar (sim que isto de não precisar de provar nada a ninguém, não é bem assim…quanto mais não seja, a mim mesma quando, no futuro, as recordações do mundo da corrida começarem a ser cada vez mais ténues) que um dia, eu estive lá.

 

 


15
Abr 07
publicado por alemvirtual, às 15:17link do post | comentar

Se tudo tivesse corrido como planeado, esta manhã, teria corrido no Alentejo a Corrida dos Castelos. Nem sempre as intenções se concretizam e, assim, pelas 10h 40m, dei os primeiros passos numa corrida sim, mas aqui bem perto de casa: XIII Grande Prémio Jovem "Cariocas F.C.".

Quase toda a equipa do clube ao qual pertenço, lá estava. Afinal, somos praticamente vizinhos do Clube dos Cariocas.

 

img383/5305/corridacariocas1zc8.jpg

 

(E pelo sol quente que se fez sentir, quase podíamos imaginar-nos a correr algures pelas ruas da verdadeira cidade "carioca". Só que aqui, quem se chama Cariocas é o Clube).

 

 

Dizia eu, sendo nós "vizinhos" devemos com a nossa presença apoiar as iniciativas que se promovem, localmente. Cariocas é um clube "pequeno" e como tal há que valorizar todas as suas acções em matéria desportiva ou outra. Contribuir para a promoção de formas e estilos de  vida com mais qualidade e mais saudáveis através da  prática de desporto, da ocupação salutar dos tempos livres dos jovens, e ainda, promover  iniciativas de acção cultural, são os objectivos primordiais destes clubes de "bairro". E muitos jovens foram já cativados para o "lado bom" da vida. As provas dos escalões mais jovens foram bastante concorridas, o que muito me agradou.

 

 

 

Não posso deixar de referir a comoção, que não consegui impedir, ao ver um rapazito, talvez de uns 11 ou 12 anos, correr de calças de ganga e ténis velhos e gastos, sem meias sequer... Como gostava de ter ali, uns calções e umas sapatilhas para lhe oferecer...

Deus queira que a pobreza nunca o force a "correr" por outros caminhos.

 

 

 

Doravante será cada vez mais difícil, para mim, correr. Estamos apenas em Abril e o calor já me faz sofrer muito...

Por isso, esta não foi uma corrida fácil, para uns "míseros" 6,3 Km.

Terminei com um tempo de cerca de 32 minutos. Ao certo não sei bem, porque o meu cronómetro continuou a marcar... Isso também não é muito revelante.

 

 

Como partes do percurso que mais me chamaram a atenção, refiro duas:

- uma estrada (talvez a meio da prova) completamente arborizada de pinheiros, com o aroma quente e doce da caruma seca, sem construção alguma...parecia mentira quando há uns metros atrás corríamos entre casas!

- a subida para a zona da Meta...não esperava uma coisa daquelas! Quase não a conseguia vencer!!

 

Os parabéns à Organização...Dispor do nosso tempo em benefício da comunidade sem qualquer retribuição financeira, tendo como recompensa apenas o prazer se sentirmos que se faz algo de positivo pelos outros, é algo que vai rareando...

A todos os membros desta ou de qualquer outra Associação ou Instituição sem fins lucrativos o meu reconhecimento pelo serviço prestado a uma sociedade à qual eu também pertenço. 

 

img84/4219/corridacariocasva31yj9.jpg

 

 

 

 


09
Abr 07
publicado por alemvirtual, às 11:34link do post | comentar | ver comentários (4)

img131/1599/tejofloridony3.jpg

Parecia que sorria.

Engalanada, vestiu-se festiva para me receber. Agitava-se nas bandeiras ondulantes sobre o Zêzere.

"Chegaste"... pareceu sussurrar-me. E eu murmurei baixinho "cheguei". Voltei e foi como se fosse a primeira vez.

Olhei em redor. Creio que ninguém entendeu o que em silêncio, dizíamos uma à outra. Foi o encontro de duas almas, ansiando por esse dia...nesses momentos, o diálogo mais intenso e gritante acontece quando o olhar permite que o coração se revele.

 

A vila vive com alma. A alma tece poesia. E nasce a vila-poema...nas ruas, nas praças, nas janelas, nas fontes, em cada canto e recanto...

Na confluência dos rios, as ninfas desertoras do agitado reino de Neptuno, aqui encontraram refúgio e por cá permanecem em idílica união entre o sonho do poeta e a simplicidade das gentes...nós sentimo-las... dançando ao luar, encantando as margens, rodopiando nas sinuosidades do rio...

Aqui, a mitologia não é esquecida.

Aqui a astronomia ganha terreno.

Mais uma vez, se cruzam as fantásticas formas de entendimento do mundo e do universo com a visão rigorosa e precisa, nascida de séculos e séculos de observação e ciência. As constelações desceram à vila-poema e descansaram na Praça. Aqui, eram apregoados os régios editais em tempos idos e aqui em tempos de agora, se continua a sentir o pulsar desta terra viva.

 

Desci escadinhas...ruas estreitas...passei por este "céu nocturno" e encontrei-me  frente ao Jardim Horto de Camões.

Reinava a azáfama que precede um grande acontecimento.

Aos olhares mais distraídos pareciam formigas laboriosas, correndo velozes, evitando um tropeção aqui e ali, em busca do rumo certo. Mas não....tudo e todos estavam onde queriam estar. Tinham um lugar certo e um propósito definido.

Decorriam as provas dos escalões mais jovens. Tinham começado manhã cedo.

Encontrei a minha equipa e juntos começámos o habitual período de aquecimento. Escolhemos a margem do Tejo e por aí fomos correndo e conversando...

Ia encontrando gente conhecida. Acenos de mão, sorrisos, algumas paragens para um beijo ou um abraço fraterno, àquelas que me são mais queridas...

Chegou a hora. Soou o tiro. Foi a primeira vez que fiz a correr aquele percurso verdejante, lavando os olhos no Zêzere... Tinha-lhe prometido que o faria e aqui estava a cumprir.

Senti-me nervosa...era como se aquela simples corrida requeresse a maior das precisões, como numa incisão...a mão não podia tremer...eu não podia falhar...bisturi na mão...gotas de suor gelado afloraram a pele. Apenas eu sabia a importância deste acto. Árdua tarefa, feita com amor...

Vivi toda uma vida ao longo dos minutos que se arrastaram...O tempo é tudo e o tempo nada é... É a força, a intensidade com que se vive. O corpo não acompanhou essa torrente. Eu voei...estive no passado e no futuro...no sonho e na vida...no presente e no agora...Parti muitas vezes, cheguei apenas uma.

 Ficticiamente o cronómetro marcava 52´ 38´´...o meu tempo. O oficial não sei, não preciso saber. Esse tempo foi um tempo especial. Máquina nenhuma o poderá alterar.

Sou eu, Constância. Eis-me aqui.

 

 

  img131/2097/tejo1yk5.jpg


05
Abr 07
publicado por alemvirtual, às 16:56link do post | comentar | ver comentários (9)

 

 

(foto retirada de anoukmeimporta.blogia.com/upload/lagrimas.jpg)

 

 

Não passei do primeiro andamento. Não consegui mais que um fraco arranhar nas cordas do violino. Acordes arrancados ao acaso em desafinação constante que me expulsaram da orquestra. Pousei o violino e desisti.

Era clara a decepção nos olhos do maestro…batuta esquecida na mão, olhava-me incrédulo, num misto de mágoa e incompreensão. Sim, eu já conhecia aquela peça. Já a tinha interpretado, com sentimento…afinada…agora?

Bem, fui o instrumento dissonante, o que quebrou a harmonia gritando notas soltas, fora do compasso.

Frustrada, triste, curvada sob o peso do desânimo abandonei o palco.

 

O que deveria ter sido um treino de séries não passou de intenção.

Ainda lhe gritei que os objectivos deveriam ser exequíveis, para não rebentar de desgosto. Atirar as culpas para factores externos é uma vã tentativa de justificar o fracasso.

A realidade é que eu não consegui. Já obtive bons tempos nas séries de 400m, desta vez, arrastava-me a passo de caracol. À terceira volta, desisti. Logo eu que desfraldo sempre a bandeira da não desistência! Custou-me. Reconhecer e assumir a incapacidade foi pior que a dor instalada na coxa, logo ao início da primeira volta.

Disse ter vontade de arrumar as sapatilhas. Gritei com azedume de mim mesma que ando a viver uma ilusão. Senti-me amarga, derrotada.

Não existem causas externas para o meu fracasso. Os objectivos não eram exagerados, as expectativas é que eram elevadas, talvez demais e eu não estive à altura…

 

O distanciamento e o desabafo ajudam a ultrapassar desaires…afinal, não vou desistir. Foram palavras amargas, vazias de vontade…a motivação não sofreu nenhuma beliscadura, apenas o ego se feriu neste confronto.

Afinal, sou um sistema vivo. À luz da Teoria Sistémica qualquer variável, por mínima que seja, introduz alterações significativas ao sistema...e ao produto final… Analisei. Reformulei objectivos. E neste movimento de retroacção vou delinear as próximas etapas do projecto, do meu projecto…talvez mais modesto…mas muito pessoal. E assim, de sonhos e projectos vou construindo a minha vida… Se um de desvanece, urge colocar outro em seu lugar para não haver vazio de sonhos. Talvez eu mesma, seja o arquétipo do sonho. Gosto de pensar assim. Se deixar de sonhar, deixarei de viver. Em mim, vive um sonho chamado corrida.

 

Sábado correrei em Constância. Mas, já acrescentei uns minutinhos ao tempo que pretendia fazer. 

 

 

(Foto retirada de: www.teatromicaelense.pt/images/agenda/ag_conc...)

 

 


mais sobre mim
Abril 2007
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6
7

8
9
10
11
12
13
14

17
20
21

23
24
26
27

29


pesquisar neste blog
 
subscrever feeds
blogs SAPO