existe sempre alguém ...passo e fico como o universo...
28
Fev 09
publicado por alemvirtual, às 10:29link do post | comentar

 

 

 No ano passado  a Corrida da Charneca de Caparica foi assim: http://alemvirtual.blogs.sapo.pt/2008/02/

 

    Amanhã não sei como será.

 

   Ontem, à tarde, o meu curto, curtíssimo treino de 30 minutos...

 

Como que atraída por alguma força invisível, olhei para cima. Um manto azul intenso ofuscava o olhar. Percorreu-me uma sensação de vertigem como se mergulhasse naquele poço de luz.

Vejo, então, um casal de cegonhas. Alto, tão alto que vislumbrava apenas o recorte das suas silhuetas contra o azul celeste. Corria, olhando para aqueles pontos no céu. Fascinada pelas duas formas majestosas e esbeltas quedei-me a contemplá-las. Esquecida de correr deixei-me envolver na serenidade que transmitiam. Um casal com o mesmo rumo, desenhava trajectórias suaves... Planando...Unidos no mesmo caminho. Aliados na mesma jornada. Amantes neste fim de tarde.

 

Suave...tão suave.

Forte...tão forte.

Suave mas forte.

Como o amor que um dia uniu a minha filhota ao seu marido e que perdura para além da eternidade. Revejo-os claramente neste casal de cegonhas.

As copas das árvores tomam o tamanho de uma bola de criança. Os telhados são pinceladas vermelhas nas linhas escuras do fundo. Linhas geometricamentre traçadas. Deixo-me levar por uns passos tão leves e subo suaves colinas. Tal como se tivesse entrado numa história de magia e encantamento corro acima da cidade. Lá estão as linhas férreas cruzadas como veias em corpo dissecado e subo cada vez mais. Agora, corro ao lado das cegonhas.

Vejo distintamente a simplicidade do seu traje: branco e negro. A suavidade dos movimentos. A ternura cúmplice do casal. E sinto-me envolvida. Também eu visto de branco e negro. Ávida absorvo os reflexos daquele amor que sinto pairar no ar. Envolvo-me nele. Enebrio-me. Subo cada vez mais.

 

Uma porta linda, mais brilhante que o sol da manhã, ornada de grinaldas surge diante de mim. Estendo a mão para a abrir. É a Porta do Paraíso. Eternizar o momento. Este momento. Todos os momentos. E no momento em que os dedos quase a tocam vejo-me de novo a correr entre o pó da estrada. O braço ainda esticado...

De um lado casas e jardins. Do outro oliveiras e tufos de malmequeres. O mesmo céu intenso. Uma mulher que corre. E o casal de cegonhas que se afasta. Olho-os até se perderem de vista no horizonte. Pontos minúsculos que desaparecem...

Sinto os olhos húmidos e ouço uma voz  que canta dentro de mim:

 

Adeus cegonha, tu vais voar!
E a gente sonha...é bom sonhar!
 ( Carlos Paião)

 

Esboço um sorriso. E com esse sorriso ainda nos lábios regresso a casa, durmo e sonho com cegonhas e estrelinhas azuis. E é ainda com o mesmo sorriso e a ouvir a mesma canção que escrevo estas linhas.

 

 


25
Fev 09
publicado por alemvirtual, às 16:27link do post | comentar

 

Não me esqueci, não. Nem eu nem três ou quatro pessoas que a amavam profundamente.

Então, senhores da Comissão Coordenadora de Lisboa e Vale do Tejo do Ordenamento do Território, para quando esses dados para a Câmara de Constância? A Câmara espera e eu desespero à espera da sepultura perpétua da minha filhota.

 

Para quando a garantia do repouso eterno na terra amada? E para quando um revestimento melhor que um punhado de areia?

 

Caricato foi a publicação em Diário da República do Regulamento do Cemitério quando não existem condições para fazer cumprir o estipulado na lei. Esse regulamento regulamenta o quê? Que confusão...

 

Vamos lá... num país com tantas comissões e estudos, onde a perspectiva temporal não é, seguramente, a mesma para o Zé Povinho que para os ilustres senhores (leia-se o grupo dos iluminados cujo nome de baptismo se encontra sempre precedido de uns quantos títulos e que dão rosto a essas comissões e sub-comissões, gabinetes e directorias), parece que num ponto a opinião deverá ser concordante: de 2004 até 2009 é tempo de mais para o estudo de um cemitério cuja população residente na freguesia se situa nos 880 indivíduos (vivos, claro está, pois mortos, as campas devem-se contar até à centena).

 

Nós por cá continuamos à espera.

 

 


24
Fev 09
publicado por alemvirtual, às 16:39link do post | comentar | ver comentários (9)

 

HINO AO SOL

 

 

 ... Oh!, disco solar que com teu brilho ofuscante pulsas como um coração e minha vontade parece tua. Oh!, disco de fogo que me iluminas e teu brilho e a tua sabedoria são superiores à do Sol."

 

Extraído do livro Nefertiti e os mistérios sagrados do Egipto

 

 

 

 

 

Apaixonada pelo Antigo Egipto e, particularmente,  por Akenaton  (Amenófis IV) e Nefertiti, pela sua história de amor e pela "ousadia" de adorar um só deus (Deus?), apaixonada por esta intrincada história de dois seres e sobretudo apaixonada pelo Sol, pela sua luz, pela sua Vida, tal como a minha filhota o era (recordo-me daqueles 4 ou 5 metros de corredor envidraçado em que a sua cama de rodinhas percorria a distância até à sala de radioterapia, do seu profundo suspiro de satisfação e do murmúrio: "Ah, o sol! Srª Enfermeira, mais devagar ..."), assim, também, sou eu.

 

 

 

 

Com que misto de dor e prazer, saio de casa, semicerro os olhos perante a luminosidade intensa e corro. Corro com lágrimas e sorrisos. Com cansaços e repousos. Com desânimo e coragem. Assim, também, sou eu. E sou-o com este sol que é meu; com esta vontade que me foi dada; e com a minha "estrelinha azul" a guiar os meus passos.

 

Como odeio cada vez mais os vãos lamentos. Com que agrura perguntaria: "porque vos lamentais?" . Da vida nada sabeis. Nem da morte.

 

Ligo o cronómetro e lanço um olhar pela estrada à minha frente. Sem carro, saio em passo de corrida na "montra" que é a minha rua. O destino é o Parque do Bonito.

Encontro outros corredores. Afinal, sempre existem corredores no Entroncamento. Vou descobrindo-os. Corro com a música do canto dos pássaros e as águas que se agitam no ribeiro. Corro com o eucalipto e o fresco dos pinheiros. Corro com o azul do céu e o verde da erva. Com os patos e o pó da estrada.  E com um alegre "Bom dia, companheira" que alguém me grita. Corro sozinha, mas nunca me sinto só.

 

Recomeçar não é fácil. Quem disse que o era? Dizer sim, dizer não. Hesitar, renunciar. Querer, não querer. Tudo faz parte da vida. E de mim.

 

Já conto com dois treinos para as 3 Léguas do Nabão. Não vai ser "pêra doce". Mas é assim que gosto.

 

Dia 21 Fevereiro - 48 min - 8,11Km

Dia 24 Fevereiro - 44 min - 7,74 Km

 

 

 

 


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