As estradas que vão, são as estradas que vêm. Algumas são percorridas pela última vez e, a mesma estrada no mesmo sentido, pode ser ao mesmo tempo a estrada que vai e a estrada que vem.
Há poucos anos atrás, foi um outro capítulo, uma outra viagem...
Ela fez o caminho comigo. Depois foi ele quando as férias terminaram. Eu era três. Fomos. Eu e ela antes...
Passou pouco tempo, ou talvez uma eternidade; como páginas rasgadas em livros; como pano caído antes da peça terminada.
Voltámos as duas juntas, depois. Ela pela última vez. Eu com ela. Ele antes de nós...
As personagens que ficam, adequam-se ao novo rumo da história.
Hoje, fiz aquele mesmo caminho, sozinha. O caminho de ida que agora foi o de volta.
Castelos de nuvens grossas adornavam a serra. Tudo o resto era azul platinado ao entardecer. O dia tinha sido luminoso e solarengo.
Estava cansada e queria chegar depressa a casa. Talvez para nada. Ninguém me espera. Ah! Mentira. Espera-me o cão com quem brinco às escondidas para espantar o silêncio. Ainda assim, conduzo como se chegar fosse urgente. E ele há-de chegar.
Olho pelo retrovisor e o cume da Serra de Candeeiros parece irreal. As nuvens teceram uma coroa no pico mais alto. O sol, declinando atrás delas, acendeu a serra de luz...
Esforço-me por olhar em frente. Surgem as primeiras sombras da noite, porém, atrás continua a luz. E a luz parece que me acompanha e ilumina o meu caminho de volta.
29 de Julho de 2009... A ordem das coisas pouco importa.
Ela é a minha filha. Ele é o meu filho. Continuamos três dentro do peito.
Fixo de novo espelho. A luz continua na serra...