existe sempre alguém ...passo e fico como o universo...
26
Abr 11
publicado por alemvirtual, às 18:43link do post | comentar

Muito já se escreveu sobre o 4º Encontro de Bloggers de Constância, realizado a 23 de Abril e organizado pelo atleta Nuno Romão.

Foi uma oportunidade fantástica para reunir um número considerável de desportistas, amantes da corrida e da blogosfera.

Sem dúvida, uma forma de divulgar e valorizar, não só a prática do desporto (de uma forma geral e em particular da corrida), mas também uma promoção e incentivo à partilha através da escrita das experiências individuais, em cada prova realizada, da sua preparação específica e de algumas peripécias do quotidiano dos bloggers.

 

Resta-me agradecer a todos, os momentos de convívio, as palavras de afecto que me foram dirigidas e as recordações carinhosas que irei guardar desse dia.

 

Agradeço, também, de forma especial e publicamente, o apoio que a Câmara Municipal de Constância prestou a este Encontro, através da oferta de lembranças alusivas ao concelho e que em muito contribuiu para perpetuar as lembranças agradáveis que trazidas da Vila-Poema.

À Câmara Municipal de Constância, um muito obrigada, em nome de todos os participantes.

Bem haja.

 

Votos de que prossiga o excelente trabalho que, desde há muitos anos, tem desenvolvido na promoção e apoio às diversas actividades e iniciativas de cariz cultural, desportivo e recreativo. A qualidade de vida das populações passa, em muito, pela acção das autarquias que, mediante projectos próprios, de parcerias, ou através da colaboração, apoio e incentivo às colectividades e associações incrementa nas comunidades. 

Exemplo de que Constância continua a pautar-se por uma extrema sensibilidade a projectos de melhoria dessa qualidade de vida (e não só, mas também de preservação da identidade e património histórico e cultural) foi a receptividade com que acolheu o nosso 4º Encontro de Bloggers. De norte a sul do país, pela boca dos vários participantes, foram ouvidas palavras de apreço e agradecimento.

A Vila-Poema é um "poema" com vidas.


24
Abr 11
publicado por alemvirtual, às 16:41link do post | comentar | ver comentários (4)

A vida podia ser um deserto inóspito, marcado pelo tempo e tempo marcado por horas não fossem os sonhos, os rituais e os símbolos. Por isso, os sonhos impulsionam-nos para a própria vida, a vida toma a cor dos sonhos e as "marcas" gravam momentos que ficam, mesmo depois de terem passado. Nada é mais permanente que as recordações que habitam em nós.

Há pessoas que existem além da vida. Não morrem. Vivem do amor e esse amor dá-lhes vida no coração de quem sente.

Eu continuo a amar. 

Tu continuas a viver.

E juntas continuamos a sonhar ao compasso do tempo que se escoa. Neste tempo que podia ser solitário, mas que vejo marcado por gestos solidários.

(em 2010)

O Grande prémio da Páscoa de Constância é uma prova que deixou de ser apenas uma prova; mais uma. É diferente desde há três anos. Sendo a mesma, passou a ser um ritual, a ter símbolos e a perpetuar memórias.

Ontem, o meu pequeno mundo foi partilhado por outros mundos. Obrigada aos corações que sentiram e aos passos que venceram distâncias, em nome da Margaret.

Gostaria de nomear todos aqueles que se associam à intenção de correr em nome da minha filha, mas não posso. Faltaria sempre alguém. Em Constância ou em outras provas, com ou sem a t-shirt com o seu rosto, sei que muitos o fizeram. A todos, muito agradeço. Em cada ano, e até que possa, no sábado de Aleluia os passos que der serão em memória de uma jovem e em homenagem a todos os jovens que travam batalhas contra o cancro. São lutas desiguais que importa vencer pela coragem, pela determinação e pela fé. Mesmo quando a batalha final se perde, a vencedora será a vida e os testemunho de luta que outros continuarão. Para mim, filha, sempre foste e serás uma vencedora. A morte venceu à traição, mas tu olhaste a vida de frente. Por isso, o teu testemunho não pode ser ocultado, nem esquecido, porque (quem sabe) para quantos o teu sorriso poderá ser aliado...

 

O mundo da corrida tinha em ti uma admiradora. Com o teu exemplo de vida, ganhaste tu a admiração da corrida. De todas as corridas que se travam com tantos passos.

No eco das sapatilhas, no ritmo dos vencedores, nas metas que se alcançam há provas que se insistem em não perder. 

E na certeza de que existem Estrelinhas Azuis que iluminam caminhos, se corre à beira Zêzere...

 

Obrigada.

 

 Fotos do pai da Ana Pereira (550 no site da AMMA)


 

 

 

 

 


20
Abr 11
publicado por alemvirtual, às 22:35link do post | comentar | ver comentários (7)

Eu vou!

 

 

Hoje fiz um pequeno treino de 43 minutos. 

Corri sozinha por entre ruas quase desertas. O tempo chuvoso não convida a passeios. A chuva pode ser incómoda, mas estava com vontade de a sentir. Desde que descobri o prazer de correr que fazê-lo à chuva é algo que me atrai. Recordo-me dos treinos na Pista de Atletismo da Sobreda. Chuva quase torrencial, fustigando a pele...Recordo-me do areal até à Fonte da Telha. Praia deserta, apenas eu, as gaivotas e a chuva. A chuva miudinha como renda translúcida confundindo-se com a espuma do mar. Recordo-me da estrada até à Charneca. O cheiro a terra molhada, a alcatrão quente, a relva verde dos jardins, a glicínias e buganvílias...e eu correndo nos passeios e pelos bairros mais tranquilos.

Hoje, aqui, tenho cheiro intenso a campo, tenho a calma de uma cidade pequena, tenho tenho alguns pares de sapatilhas (todas elas com estórias) e hoje tive vontade de correr.

Lembrar o passado, é lembrar a pessoa que fomos, como fomos e, porventura, na pessoa que nos transformamos. Hoje, também foi dia de "balanço". Essa viagem por nós próprios, ao íntimo do nosso ser. Um encontro necessário, um confronto algo temido. 

Importa saber quem somos. 

Conhecer o "eu" para nos relacionarmos com o "nós". Uma ponte que é ponte para a Vida.


10
Abr 11
publicado por alemvirtual, às 17:30link do post | comentar | ver comentários (21)

Este será o terceiro ano em que participarei no Grande Prémio de Constância, após o falecimento da minha filha.

Constância sempre foi a minha terra adoptiva, afectivamente, falando. Terra de afectos e terra de encantos. Vila-Poema e poema feito vila em branco casario encosta acima. Poema que nasce das águas entrelaçadas dos rios, como dedos entrelaçados de afectos. Terra de poesia; terra de poetas; terra com história e terra de histórias que vamos desfiando em palavras escritas, em desabafos amigos, em pensamentos solitários.

Nunca pensei que Constância se ligasse à minha história de vida por marcas amargas e tristes. Constância estará sempre e para sempre ligada em laços de ternura, em amarras de carinho e recordações de sorrisos já um pouco tristes, às memórias que me acompanham. A Constância confiei o corpo da minha filha, já que a grandeza da sua alma só era comparável à beleza incomparável da poesia nascida das almas grandes. 

 

Ela partiu e o seu espírito deve esvoaçar sobre as águas na confluência dos rios. Aqui, nos sentávamos e olhávamos o encontro de um e de outro rio. Aqui deixámos pensamentos e silêncios, porque as palavras já não faziam sentido. Aqui, neste pedaço de encanto, ela deixou o seu rosto nas últimas fotos tiradas. Era o Dia da Mãe, do ano de 2007.

E aqui tenho voltado desde a primeira Páscoa que ela não celebrou. Todos os anos, visto com orgulho uma t-shirt com o seu rosto e corro com ela no pensamento. Uma iniciativa particular a que muitos amigos e pessoas desconhecidas se têm associado. Sinto-me bem quando vejo as ruas cheias da mensagem "Margaret, hojo corro por ti".

Recordamos a sua luta e a luta de muitos meninos, jovens, adultos e idosos que lutam contra o cancro. É um gesto que em nada altera o destino cruel que, por vezes, se traz traçado. Inexorável e implacável a doença avança. Até que, nada mais resta, além da esperança que se insiste em manter. E quando a vida se despede, a esperança permanece. Numa "Páscoa" prometida; num abraço adiado.

 

Na corrida encontrei muitos amigos. No meu Clube encontrei uma família. Nos passos de corrida encontrei corações que bateram ao mesmo ritmo; pensamentos que se ligaram aos meus; mensagens que reconfortaram momentos. 

No eco dos passos na estrada ouço a voz da Margaret...

 

De novo irei correr junto ao Zêzere em homenagem a uma menina-mulher que partiu cedo demais.

 

Haverá mais alguém?

 

 

 


03
Abr 11
publicado por alemvirtual, às 17:05link do post | comentar | ver comentários (10)

A primeira palavra que me ocorre é "Parabéns". Parabéns à organização. Uma prova extremamente bem organizada; sinalização; apoio; abastecimentos; percursos bem escolhidos e enquadramento histórico-cultural que promove, efectivamente, a região e os concelhos envolvidos.

A segunda palavra que me ocorre para transmitir o que sinto é "Felicidade". Sim, estou feliz. Corri com amigos e revi muitos rostos que já não via há algum tempo. O tempo em que estive afastada deste mundo maravilhoso que é a corrida.

Falando em tempo, resta dizer fui a 10º mulher (classificaram-se 18), que gastei 2h e 54 minutos para completar os 21 Km da prova. Mas neste tempo, incluo as minhas paragens para cumprimentar, conversar e deliciar-me com os gomos sumarentos das laranjas e as tostas com doce de morango.

 

Uma manhã algo fria que se revelou ideal para a prática da corrida.

Sou apaixonada por trail. Nada se compara à comunhão com a natureza. Ao sentimento de evasão e liberdade quando se corre por trilhos campestres e se tomam de "assalto" hortas cultivadas; Saltam-se riachos, sobe-se e desce-se por locais que, de outro modo, nunca seriam explorados nem conhecidos.

 

Partida dada em Constância. Que outro local mais emblemático para mim?

Saio no final de todos. Atraso-me a falar com uma amiga, a Vice Presidente da Câmara de Constância que tinha ido assistir à partida (mais tarde terei oportunidade, no Entroncamento, de partilhar com ela a satisfação pela prova magnífica que o CLAC com a colaboração de várias entidades promoveu).

Vejo o pelotão afastado uma distância razoável. Acelero um pouco, ultrapasso-os e vou dar um beijinho à minha filha. É também por ela que as provas continuam a fazer sentido. Retorno ao percurso da vila e integro-me no pelotão. Volto a parar para conversar uns instantes com duas pessoas de família. Depois, inicio, de facto, a prova. Acompanha-me o meu amigo António, companheiro inseparável e meu apoio nas corridas. Sigo com ele e a Susan, mas aos 5 Km opto por os deixar e avanço. Durante alguns quilómetros corro sozinha. Depois, começo a ultrapassar. E volto a correr sozinha. Uma sensação deliciosa.

Junto-me a amigos que conheço dos meus tempos da Sobreda. Conversamos. Tiramos fotografias. Frente ao Castelo de Almourol, um pequeno grupo, trajado à época quinhentista, promove as Pomonas Camonianas (a realizar por alturas do dia 10 de Junho em Constância). Falo-lhes desta iniciativa; do Mercado Quinhentista; da ligação de Camões à vila; das Pomonas (divindades ligadas ao florescimento das flores e dos frutos); falo das Cantigas de Cantar Diferente; falo com carinho da terra por quem tenho um imenso carinho.

Volto a avançar sozinha. Cerca do quilómetro  14, quando me sentia dona do mundo por ter vencido uma imensa subida, vejo o António que tinha ido no meu encalço. Juntos continuámos o percurso e, não fosse eu ter quebrado um pouco o ritmo, poderíamos ter conseguido um tempo mais "aceitável". Porém, nem eu nem ele corremos pelo tempo. Corremos apenas por prazer e pela emoção da corrida. 

Adoro as partes mais técnicas. Subidas acentuadas, quase a pique, e descidas íngremes. Saltar os riachos e enlamear os pés no terreno encharcado.

Um percurso verde, romântico, fresco. Sentimos os rios por perto. Sentimos que corremos em páginas da nossa história. Sentimos que mergulhamos na Primavera; que fazemos parte deste ciclo maravilhoso que se renova cada ano. Não há morte, apenas transformação. O campo renova-se; revive. Inunda-se o ar de cheiros e chilreios. As giestas e as estevas estão floridas. As urzes - minha flor preferida - vestem-se de uma cor intensa. Intensa como a felicidade de quem é feliz com a simplicidade de uns passos de corrida.

 

 

Domingo, na Maratona de Paris, os meus colegas de Clube e amigos, Jorge Neto e António Pereira, irão correr em memória da Margaret. Pediram-me para usar a sua t-shirt. Lembraram-se do carinho que ela sentia por Paris... Obrigada, amigos. Levar o seu nome a Paris é levá-la a ela também...

 

Fica um beijinho especial também para o Luís Mota (Parabéns por mais uma prestação fantástica - 3º lugar da geral), ao António Almeida, Vitória e Isabel Almeida (vou esperar pelas fotos), ao Joaquim Adelino e ao Vítor Veloso.

Ao CLAC, sinceros parabéns. Fizeram um trabalho excepcional em prol do atletismo e da promoção dos concelhos, com especial relevo para o Entroncamento.

Para o ano, contem de novo comigo.

 

 

Foto "roubada" do Blog "Palavras de Corredor" do meu amigo António Almeida

As urzes... foto retirada do álbum 

https://picasaweb.google.com/J2Pees/Trilhos2011?authkey=Gv1sRgCNCdxseP_t-VOA&feat=email#


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