existe sempre alguém ...passo e fico como o universo...
29
Mai 11
publicado por alemvirtual, às 15:55link do post | comentar | ver comentários (3)

 

 

É uma prova que gosto de fazer. De ano para ano, mais e mais atletas se rendem ao vale do Sorraia e aos encantos de correr olhando os campos de arroz e as cegonhas em busca de alimento nas terras férteis e escuras.

Não sei quantos eram este ano. Mas éramos muito. Uma mancha colorida atravessava as pontes, outrora cinzentas e agora pintadas de um laranja vivo e brilhante. Uma nota de cor nesta terra ribatejana de rosto voltado para a calmaria do Alentejo.

O Clube de Atletismo do Sargento da Armada classificou-se em 5º lugar, por equipas, e alguns colegas meus nos primeiros lugares dos seus escalões.

Mal terminou a prova deixei Coruche e, com pena minha, o convívio que, habitualmente, fazemos. Cheguei quase na hora de Partida e parti mal tinha chegado à Meta. Porém, durante a prova, tive tempo para "pôr a conversa em dia"...

 

Que alegria quando nos reencontrámos! Há muito tempo que não corríamos juntos. Como no rosto de crianças que se juntam para brincar, abre-se em nós um sorriso que não cabe em palavras...Além de todas as cores em movimento, tem a cor da amizade...

 

Fiz aquilo que atleta nenhum deve fazer; da prova fazer um treino. Porém, se não fosse o pretexto desta prova teria passado mais um dia, a juntar a muitos outros, sem correr. Assim, durante 1h 02 min, corri em ritmo muito lento. Renasceu aquela sensação imensa de liberdade, de pertença a um outro mundo. Um mundo mais simples, mais solidário e afectivo.

 

Corre-se por muitos motivos. Motivamo-nos porque corremos. As palavras dispensam-se no prazer de uns passos de corrida. O olhar regista a beleza da paisagem. O coração grava mais umas memórias. Corro com a "minha sombra", mas também corro sozinha. Em cada passo o meu mundo. Ao lado corre um mundo diferente. Em comum, uma amizade imensa e a afinidade da corrida. Juntos voamos com as cegonhas. Olhamos os campos do alto. Sem esforço cruzamos os ares, em gestos graciosos de asas pretas e brancas. Somos livres. Somos gente e somos aves. Somos terra e alimento. Somos água e somos vida. Somos lodo e somos verde. Somos apenas pessoas felizes...

 

Pergunta-me por trails. A juntar àqueles que conhecemos, outros em "Primeira Edição". A montanha é diferente da estrada. Sem dúvida que a prefiro, mas este ano...

 

Não importa. Nem sequer quantas vezes vou correr. Cada vez é única. E cada vez que corro, sou uma cegonha neste céu, ou uma gaivota no mar que deixei para trás...

Quando não corro, sou muito menos; quase nada. E quando eu deixar de correr, sei que outros o farão por mim...

 


25
Mai 11
publicado por alemvirtual, às 13:38link do post | comentar
“ Não sei onde estás, mas vives algures neste planeta e, um dia, tu e eu vamos tocar neste portão onde toco agora. A tua mão tocará nesta madeira, aqui! Depois, atravessá-la-emos e transbordaremos de futuro e de passado, e seremos um para o outro como nunca ninguém foi. Não sei porquê não nos podemos conhecer agora. Mas, um dia as nossas perguntas serão respostas e seremos surpreendidos por algo tão brilhante… e cada passo que dou é um passo mais numa ponte que temos de atravessar para nos conhecermos. Depressa, por favor!”
 
(A Ponte para a Eternidade – Richard Bach)
 

23
Mai 11
publicado por alemvirtual, às 22:03link do post | comentar | ver comentários (2)

Não corri, mas remei.

 

Esta foi a minha primeira experiência em canoagem no Tejo. Já tinha descido o Zêzere, desde a barragem do Castelo de Bode até Constância. Um rio cristalino e fresco, com margens verdes e pequenos rápidos com seixos redondos e rochas pontiagudas. O Zêzere é um rio impetuoso como um jovem. 

Mas o Tejo é o "nosso rio". Foi numa vila ribeirinha que nasci. O rio é como as raízes que nos fixam à terra; é a ligação que permanece de uma memória quase colectiva, de um passado local construído em torno do rio. Do rio e da labuta da população nas suas águas, tantas vezes traiçoeiras...mas isso é uma outra estória...

 

O dia nasceu esplêndido. Céu azul, sol intenso e uma brisa fresca agitando os salgueiros...uma cumplicidade vivida entre a água corrente e a folhagem que nela mergulha. A intimidade de uma canção em notas de suaves mumúrios... e neste quadro de azul e verde, as canoas coloridas deslizando rio abaixo.

Partida de Constância, ainda no Zêzere, para logo nos lançarmos nos braços do Tejo. Olha-se Constância, da confluência, onde um e outro rio se unem e, abraçados, partem em direcção ao oceano, bem longe, para lá da barra.

É a sedução do encontro dos dois rios.

Fica para trás a Vila Poema e rema-se alegremente em direcção a uma outra vila, igualmente florida, Tancos. Antes, uma paragem numa praia de seixos, aos pés de uma terra com o nome do "Ribatejo" - Praia do Ribatejo, outrora Paio de Pele.

A corrente é forte. Remar torna-se fácil. Avançamos depressa demais. Chegamos ao Castelo de Almourol. Surge altaneiro com aquele ar de mistério, de lendas mouras e princesas encantadas.

Com as canoas em segurança na estreita língua lodosa, subimos à pequena ilha. Abunda vegetação característica do norte de África, como há centenas de anos atrás. E mais uma vez, parece que mergulhamos, não nas águas frescas do Tejo, mas no próprio tempo.

Ergue-se entre rochas com torres adossadas, quase descendo junto à margem, e uma Torre de Menagem quadrangular, de onde se lança o olhar num deleite paisagístico, num espaço verde a perder de vista.

É o assalto moderno ao romantismo do castelo. Uma invasão pacífica e maravilhada por percorrer páginas de história feita pedra.

Voltamos ao rio e à última etapa. O sentimento de que tudo estava a acontecer depressa demais. Queria que durasse mais, que se prolongasse a união com o rio, mas eis-nos chegados aos cais do Parque Almourol, em Vila Nova da Barquinha, onde a aventura náutica terminaria.

Lá, espera-nos uma equipa que tinha confeccionado um manjar digno deste reviver o passado, quase uma refeição medieval, servida com simpatia e muito condimento. Como nos tempos em que as especiarias e as ervas aromáticas eram produtos finos que as rotas das Índias traziam para as ricas mesas medievais... Uma sopa de peixe com coentros; um porco no espeto regado com ervas do campo e fatiado pouco a pouco (como num filme gaulês). 

Depois do almoço, o convívio prolongou-se entre o descanso nas esplanadas do parque e umas brincadeiras com bola.

Um dia memorável. Um dia a repetir. Uma atracção pela água que não se pode negar.

 

A empresa organizadora do evento merece os maiores elogios. Tudo foi acautelado; cumpridas todas as regras de segurança. Antes da saída, a verificação do equipamento; as explicações técnicas; dois monitores seguiam à frente do grupo, outro fechava este "cortejo".

Tudo muito bem organizado e preparado nos mínimos pormenores para que os participantes se sentissem felizes.

Não foi uma epopeia épica, mas foi uma aventura que compensou, em abundância de emoções e descobertas, a tristeza de não ter corrido.

No sábado não corri. No sábado remei. E podem crer que adorei.

Foi magnífico. Recomenda-se.

O rio e as suas oportunidades de turismo, de lazer, de aventura e de cultura são inesgotáveis. Venham à sua descoberta. Revitalizar, promover o Tejo como elemento turístico é, e deve continuar a ser, a aposta destas comunidades.

Os tempos mudaram. A forma das populações se relacionarem o rio também. Mas continua a ser uma fonte inesgotável de oportunidades promotoras e de requalificação e melhoria nas condições de vida. Tejo é um produto turístico que importa fazer crescer...

 

 (antes da partida em Constância - Zêzere)

 

 

(com monitores AVENTUR, numa praia entre Constância e Tancos)

 

 

 

 

 (Castelo de Almourol, visto do lado esquerdo do rio)

 (vista do castelo; ao fundo, Tancos; depois da curva, será Barquinha)

 

 

 (Chegada ao Parque Almourol - Barquinha)

 

 

continua...

 

 

 

 


12
Mai 11
publicado por alemvirtual, às 23:21link do post | comentar | ver comentários (3)

Estão a ver a minha "garra"? Pois....e lá atrás (ai como isto me dá prazer, anocas), lá vem a ana pereira....foi no ano passado. Este ano será a mesma foto com a troca de posições entre mim e ela! Mas nada disso importa. Segue-se o fabuloso almoço e convívio na Sede do nosso Clube. Clube do Sargento da Armada. Rua das Escolas Gerais. Bairro mais típico de Lisboa. À noite quero ir para as ruas em busca do rosmaninho, da ginginha e da sardinha assada.

 

 

 


11
Mai 11
publicado por alemvirtual, às 21:43link do post | comentar | ver comentários (7)

Já não me sinto "atleta". Deixei de me sentir "corredora".

Os treinos deixaram de fazer parte da rotina e as provas são, cada vez mais, esporádicas. 

 

Voltei para casa ao final da tarde. Frequentemente, encontro no caminho homens e mulheres que correm na berma da estrada. Devem ser jovens militares que, entre Tancos e Praia do Ribatejo, correm em pequenos grupos, ou isoladamente. Costumo abrandar o carro e ficar a olhar pelo retrovisor. Ao início, sorria-lhes. Sentia-me "companheira" do seu esforço, cúmplice do prazer que se adivinhava, em cada gota de suor.

Perdi a vontade de sorrir-lhes, porque perdi, não sei onde, a motivação para correr. Agora, o meu sorriso seria intruso num grupo de quem, pouco a pouco me, vou desligando.

 

Durante a semana, adio de segunda para terça, o treino projectado. Depois de terça para quarta... para quinta...para sexta...

A semana é preenchida com muitas "corridas" sempre em "contra-relógio". Quando ao entardecer, ultrapassados todos os "controles" (ou controlos, como preferirem), a "meta" se aproxima, sinto-me exausta. Exausta fisica e emocionalmente, sobretudo. Gastei as energias e sinto-me como, quando em dias quentes numa prova maior, tinha uma quebra de açúcar. Anseio pela paragem e pela "reposição" dos "valores" em quebra.

E assim, dia a dia, vou voltando costas ao prazer antecipado de calçar as sapatilhas e sair ao encontro da corrida.

 

Não tenho emoções de provas para partilhar, nem sínteses de treino para fazer. Mas tenho uma tristeza imensa por não correr. 

Vou esforçar-me por voltar a sentir legítimo o sorriso quando me cruzo com quem corre.

 

Continuo a "acompanhar" os meus amigos deste mundo da corrida, embora "espreite" discretamente...

 

Boas Corridas!


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