existe sempre alguém ...passo e fico como o universo...
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Mai 11
publicado por alemvirtual, às 15:55link do post | comentar | ver comentários (3)

 

 

É uma prova que gosto de fazer. De ano para ano, mais e mais atletas se rendem ao vale do Sorraia e aos encantos de correr olhando os campos de arroz e as cegonhas em busca de alimento nas terras férteis e escuras.

Não sei quantos eram este ano. Mas éramos muito. Uma mancha colorida atravessava as pontes, outrora cinzentas e agora pintadas de um laranja vivo e brilhante. Uma nota de cor nesta terra ribatejana de rosto voltado para a calmaria do Alentejo.

O Clube de Atletismo do Sargento da Armada classificou-se em 5º lugar, por equipas, e alguns colegas meus nos primeiros lugares dos seus escalões.

Mal terminou a prova deixei Coruche e, com pena minha, o convívio que, habitualmente, fazemos. Cheguei quase na hora de Partida e parti mal tinha chegado à Meta. Porém, durante a prova, tive tempo para "pôr a conversa em dia"...

 

Que alegria quando nos reencontrámos! Há muito tempo que não corríamos juntos. Como no rosto de crianças que se juntam para brincar, abre-se em nós um sorriso que não cabe em palavras...Além de todas as cores em movimento, tem a cor da amizade...

 

Fiz aquilo que atleta nenhum deve fazer; da prova fazer um treino. Porém, se não fosse o pretexto desta prova teria passado mais um dia, a juntar a muitos outros, sem correr. Assim, durante 1h 02 min, corri em ritmo muito lento. Renasceu aquela sensação imensa de liberdade, de pertença a um outro mundo. Um mundo mais simples, mais solidário e afectivo.

 

Corre-se por muitos motivos. Motivamo-nos porque corremos. As palavras dispensam-se no prazer de uns passos de corrida. O olhar regista a beleza da paisagem. O coração grava mais umas memórias. Corro com a "minha sombra", mas também corro sozinha. Em cada passo o meu mundo. Ao lado corre um mundo diferente. Em comum, uma amizade imensa e a afinidade da corrida. Juntos voamos com as cegonhas. Olhamos os campos do alto. Sem esforço cruzamos os ares, em gestos graciosos de asas pretas e brancas. Somos livres. Somos gente e somos aves. Somos terra e alimento. Somos água e somos vida. Somos lodo e somos verde. Somos apenas pessoas felizes...

 

Pergunta-me por trails. A juntar àqueles que conhecemos, outros em "Primeira Edição". A montanha é diferente da estrada. Sem dúvida que a prefiro, mas este ano...

 

Não importa. Nem sequer quantas vezes vou correr. Cada vez é única. E cada vez que corro, sou uma cegonha neste céu, ou uma gaivota no mar que deixei para trás...

Quando não corro, sou muito menos; quase nada. E quando eu deixar de correr, sei que outros o farão por mim...

 


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