Há dias especiais. Há dias perfeitos. Há dias que, de tão perfeitos e especiais se tornam dias inesquecíveis.
"Almourol à Vista" aconteceu num dia perfeito e marcou um dia especial. São estas marcas gratificantes que permanecerão na memória e suavizarão os olhares do passado, quando num futuro (próximo ou distante) os "pedais" jão fizerem parte do dia-a-dia, ou as sapatilhas se descobrirem arrumadas a um canto e gastas pelos trilhos percorridos, ou as distâncias vencidas.
Se a descoberta do "mundo da corrida" me revelou um "novo mundo", aquele mundo sonhado de "ninguém ficar para trás", o "mundo dos pedais" foi a sua confirmação. A solidariedade é possível; a entre-ajuda é real; a felicidade pelo sucesso do outro é genuína.
Corridas e pedaladas concretizam o imaginário, quase não ousado, e o utópico raiando as franjas do transcendente, de que o ser humano é por natureza bom e gregário. A competição connosco mesmo leva-nos a limites de capacidades desconhecidos e a superação de dificuldades, julgadas limitadoras. A própria vida se encarrega de nos darmos a conhecer, intimamente, numa relação do "eu com o próprio eu" que alguns consideram eterno desconhecido...
E como se fossem precisos mais testes... Testo-me, agora, em outra modalidade. Sem outras pretensões além da fruição do prazer em murmurar "eu sou capaz". Como sempre. Como antes. Importa somente viver, sentir e sonhar.
No meu "posto de comando" (como gosto de lhe chamar) gritei inúmeras vezes "Parabéns! Boa prova! Força! Está quase!". São estes e outros estímulos que nos incentivam a progredir. São estes estímulos que gosto de ouvir, quando o suor, por vezes, o sangue de uma queda, ou as quase lágrimas do esforço, ameaçam dominar.
Não pedalei no "Almourol à Vista". Eles partiram e eu fiquei, mas um pouco de mim, pedalou com cada um deles...