A chuva chegou. Não branda como morrinha, nem suave como cacimba quando o Tejo se perde em brumas sem cor. Os novelos arredondados e escuros, que pairavam altaneiros até onde os olhos alcançam, desfizeram-se em chuva. Como fenda em muralha num crescente de evasão arenosa.
A chuva chegou. Logo, assim, sem avisar. Intensa e intempestiva. Bátegas grossas fustigaram as ruas da cidade e os campos em redor. O dia adquiriu aquele tom cinzento escuro, como se o sol já não fizesse parte do meu mundo.
A chuva chegou. Empapou os trilhos e encheu poças. A chuva chegou e eu fiquei feliz. Eu e os pardais que vêm beber aos charcos. Chlireiam e agitam-se em danças saltitantes. Como eu. Como o treino iniciado numa réstia de luz e terminado noite escura, sem estrelas,nem archotes celestes.
Sentia o bafo quente e húmido da Terra como se ela e eu transpirássemos em uníssono. A Terra sequiosa da água bendita e eu desejosa de bendizer alto, gritar bem alto, a felicidade de uns passos de corrida.
Choveu. Corri. Estive feliz. Hoje sinto-me leve e solta. Quem sabe, amanhã poderei ser mais um pardalito saltitante...
(O ritmo? Pois... entre os 5´10; 5´30. Abaixo dos 5´só mesmo curta duração. )