Olá Paula,
Provavelmente, se tivesse respondido ao meu comentário de 11 de Agosto, eu não me deslocaria a Constância. Foi um comentário como tantos outros, que faço desde que me iniciei nesta coisa dos blogs. Digo simplesmente o que penso e sinto sobre determinado assunto – como outros comentários que outras pessoas têm para comigo que me podem ajudar e incentivar, creio que também os meus podem ter iguais contributos.
Contudo, a sua não resposta deixou-me a pensar mais sobre o assunto e disse para comigo, “se calhar não percebeu o que eu quis dizer, ou a minha tentativa de ajuda e as palavras que escrevi não foram as mais correctas”. O que é certo é que a partir desse momento, não sei explicar como, mas senti que deveria estar presente no dia 31. São daquelas coisas que sentimos que temos que fazer, que existe algo que nos chama, mas não sabemos bem o quê nem porquê.
Tentei sair cedo para chegar a horas, um dos meus principais defeitos a corrigir. Pensei que ia ser simples, comecei pela flor – uma geribera cor-de-rosa que apanhei num dos poucos vasos cá de casa. Depois a escolha da roupa e calçado, quaisquer dois minutos resolvem o assunto, mas não – tardou um pouco mais.
Meti-me à estrada e logo cheguei a Constância, 2 ou 3 minutos depois das 6. O problema é que eu não sabia onde era – pergunta aqui, pergunta ali e já está. Chego ao cemitério às 18.20h e já está um carro a sair. Entro, deixo a minha modesta geribera junto aos imensos ramos de outras flores, medito um pouco e rezo um “Pai Nosso”. Saio e encontro um casal que me diz que a missa ia ser naquela igreja, mas estranhei estar fechada. Desço a um café para comer qualquer coisa e logo volto, encontrando apenas o mesmo casal. Falámos sobre onde seria a missa, sendo que me recordo de ter lido no blog que seria na Igreja da Misericórdia. Passa um senhor da terra, perguntamos e logo nos indica o local. Lá seguimos e eu…, atrasado para não variar.
No final da missa, depois de todos saírem, sentei-me num banco e fiquei ali um pouco introspectivo e a perguntar a mim mesmo se devia ou não dirigir-me à Ana Paula. Perguntava-me “mas o que vou dizer?”, questionava-me se seria melhor dizer alguma coisa ou se seria melhor ir embora. Entretanto sinto uma espécie de “luzinha” que me diz, “já que vieste aqui, perde essa timidez, apresenta-te e diz qualquer coisa à senhora”. “Dizer o quê? Faz como sempre, Diz o que sentes” – disse para mim mesmo.
Foi então que saí, lembrava-me da sua foto mas não tinha a certeza (peço desculpa mas se a voltar a ver daqui a uma semana continuarei com dúvidas) e já sabe, perguntei se era a mãe da Margaret, apresentei-me e desejei-lhe que a “a sua corrida a partir de agora seja melhor que até aqui”. Refiro-me à corrida da vida. Quanto às outras corridas, espero também que as possa continuar.
Quanto ao que me respondeu e à sua expressão, acredite que me tocou imenso e não há palavras nenhumas que possam descrever o que senti, no momento e especialmente na viagem de regresso.
Entretanto também lhe quero agradecer as palavras que escreveu no meu blog. Se como humanos temos muito em comum, devo dizer que acredito que está numa boa fase de reflexão individual junto do seu cão, qual fiel amigo. Há uns meses atrás passei várias horas a apreciar o luar em frente da minha casa na companhia dum gato que me escolheu como amigo – e acredite que ele sabe dos meus bons e maus momentos.
Se me é permitido, deixo uma última sugestão – caso goste de ler, o livro “A Roda da vida” de Elisabeth Kubler-Ross, Ed.Estrela Polar, certamente lhe vai dizer muito, acredite.
Beijinho e até à próxima corrida
ppmiguel a 2 de Setembro de 2008 às 03:20