(foto retirada de: pwp.netcabo.pt/johny/gintonico/cravos.jpg)
Por vezes, quando se gosta de algo há a tendência para estabelecer comparações ou analogias entre conceitos, ideais ou valores.
Apercebi-me que, ultimamente, comparo muitas vezes a corrida e tudo o que a envolve a situações da vida quotidiana, do real e da sociedade.
Foi o que me aconteceu, hoje, ao reflectir um pouco sobre o significado que a Revolução de Abril teve ontem e aquele que assume hoje, sobretudo para as gerações pós-fascismo.
Há 33 anos atrás, alguém organizou uma corrida diferente. Chamaram-lhe "Corrida pela Liberdade".
O povo acorreu em massa, ao chamamento. Concentrou-se. Sentiu a adrenalina invadir-lhe o sangue...inundar-lhe as veias...o coração acelerado, batia ao compasso da expectativa do momento...
Soou o tiro de partida aos acordes melodiosos de palavras cantadas, versos em bocas de poetas e sonhadores...
O pelotão avançava enérgico, compacto, imenso...
Muitos se foram juntando, aplaudindo e incentivando. Chorava-se de emoção, de alegria mal contida, refreada por anos de espera, chorava-se de esforço...
Sonhava-se o caminho, projectava-se um percurso fecundo de paz e de pão...
Mas alguns deturparam o caminho. Pouco a pouco tomaram atalhos...surgiram atropelos...agudizaram os trilhos. Já não corriam connosco. Corriam por outros caminhos e outras estradas confusas conduziram-nos à libertinagem, à tirania do mais forte, à subjugação do mais fraco, à violência gratuita, ao vandalismo e a outros contra-valores.
E o pelotão, outrora compacto, foi-se dispersando e muitos ficaram pelo caminho...
A prova continua em aberto e renova-se em cada ano, em cada dia e em cada momento...
Aceitam-se participantes de todos os escalões sem inscrição prévia. Basta querer.
O prémio é alicitante e chama-se "Liberdade".
(Nota da Organização:
- É uma corrida contínua
- Os atletas mais experientes devem ensinar os principantes a dosear o esforço para não haver desistências nem acidentes no percurso
- Não precisam de atestado médico nem de robustez física
- Garante-se uma sólida formação moral e prémios para todos
- O prémio recebe-se à partida
- Deve-se conservar intacto o prémio, durante todo o percurso
- No final da prova deverão fazer entrega do seu testemunho ao atleta que lhe suceder)
Para reflectir: Como é que eu vivo os ideiais de Abril, na minha vida? Que valores persistem? Qual é o meu testemunho?
"Em toda a parte só se aprende com quem se gosta."