existe sempre alguém ...passo e fico como o universo...
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Jul 07
publicado por alemvirtual, às 10:57link do post | comentar

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Último reduto de mística  paisagem, onde as asas da imaginação se encrespam em sonhos mais intrincados que as moribundas e, ainda assim, furiosas cristas das ondas... 

O imenso oceano estendido à nossa frente, tudo invade, até ao horizaonte difuso.

Tecido bordado a verde e prata, a azul e ouro...

É assim a envolvência de Santo André.

 

Atrás de mim, um espelho imenso de tons azuis profundos, reflectem a calma e contemplativa vida da lagoa. Adivinha-se a riqueza e a abundância nos ares e nas águas...locais de nidificação e habitas de espécies protegidas.

Ali, a meus olhos, o tempo parou e ficou estático, imortalizou-se neste quadro tranquilo entre o verde dos pinheiros, o dourado areal e a calmaria azul das águas quase paradas. Serenei com a serenidade da paisagem.

 

Olhei adiante. À minha frente, um mar imenso, alto, verde e azul, espumando de branco debatia-se furioso, encrespando-se em crinas e ondulação alterosa. O vento sibiliava ainda mais forte que o mar. Mediam forças...os dois...ambos gigantes da natureza...um incorpóreo, mas forte. A sua presença alastra ao longo dos recortes costeiros e arrasta consigo grãos de areia indefesa...o outro, visível, majestoso, misterioso...o que empresta os mais belos tons de verde e azul, ao nosso planeta errante(?)....e eu...aqui, entre o duelo travado...frágil...nesta tormenta de azul e verde, de sol e mar, de vento e frio, para aqui fiquei alguns instantes, deixando que os meus olhos se lavassem na beleza indescrítivel do cenário.

Eu via. Eu vejo. Sempre com ela no pensamento, uma Avé-Maria entrecortada nos lábios, interrogava-me com que força ou que forças me moviam a estar ali. Esse tormento interior ninguém o via. Os olhos do corpo apenas viam a lagoa, e as praias estendidas até ao infinito.

Ela deixou de ver. Há uns dias, o seu sofrimento alastrou-se ao que tinha de mais belo...os seus olhos...enormes, escuros, aveludados como abóbada celeste em noite fria. Agora, grossas lágrimas, silenciosas como ela, desprendem-se e um murmúrio de dor, acompanha-as...Mãe, os meus olhos....deixei de ver....

E eu ali. Tudo via. e Vi-a a ela. Através das ondas que se debatiam e dos desenhos da areia...chorei...mas os olhos do corpo presenciavam um sorriso que cravei nos lábios e uns movimentos de dança ao som da música tocada...

 

Parti. Antes tinha encontrado rostos conhecidos, sorridentes, afectuosos. Senti-me quase querida por toda aquela massa humana. Era como, sem saber eles, me amparassem nesta dor.

 

Nas primeiras passadas, procurei com o olhar alguém que ajudasse no ritmo, me desse alento e estímulo para conseguir alcançar o meu objectivo. Sabia que seria quase impossível, mas queria fazer cinco minutos por cada quilómetro vencido. A vida vence-me. Há muita coisa que me venceu. O tempo gasto foi 47´22´´. Ainda assim, quero sentir-me vencedora.

 

Juntas havemos de vencer.

 

Juntos também, dois colegas de equipa. Ele, experiente, sólido atleta, corredor imparável de maratonas, pés habituados à rigidez do asfalto e à inconsistência da areia, acompanhou-me todo o percurso. Procurou-me até me encontrar. Já com um ardor no peito e a respiração ofegante avançava, contornando corpos suados, passeios saltitados, esgueirando-me sinuosa por entre a multidão. Ficou a meu lado e eu soube que estaria sempre ali, apesar dos meus débeis protestos.

Obrigada António.

Não és só um atleta magnífico, mas uma alma maravilhosa. Quase te abracei de gratidão quando, ainda e sempre juntos, cortámos a meta. Quem sabe, se num futuro próximo, conseguirei ser eu a ajudar outro alguém...Deus te pague.

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Paula

És uma vencedora sim Paula!

Admiro a tua capacidade de cravar esse sorriso, de correr, de escrever, de viver.

Admiro mesmo.

Só te desejo que tenhas sempre força. Muita força.

Um beijinho
Ana Pereira
Maria Sem Frio Nem Casa a 22 de Julho de 2007 às 20:05

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