Cheguei há pouco tempo a casa. Fui correr. Vinte minutos na relva fofa da Pista de Atletismo.
Sob um céu carregado de pesadas nuvens cinzentas, prenúncio de mais uma tarde de trovoadas, voltei a fazer algo de que gostava e ainda gosto: correr.
Pensei em ti, filha. Penso sempre, durante todo o dia. Correste comigo, no coração e no pensamento.
A tua estrelinha de cristal azul, que não mais deixou o meu pescoço, saltitava com o ritmo das passadas. Parecia pular, quiçá de alegria por poder correr...ou talvez de tristeza por nunca ter corrido com a sua princesa. Prefiro pensar que se agitava de alegria e que eras tu que comandavas a sua oscilação. Foi a forma encontrada para correreres comigo, comunicando que estás feliz .
Corri por ti e por mim. Corri só eu, mas também corri contigo.
A pista vazia dava-me uma sensação ainda maior de solidão. Estaria deslocada naquele ambiente, ou seria só eu a sentir-me estranha?
Sentimentos contraditórios estes. É um querer e um não querer querer. Ser feliz e afogar-me na mágoa que me invade o peito. Sonhar, recordar e não querer viver sem ti. Acordar e enfrentar a vida. Esta mesma vida que já não vives. Temos que reaprender e reaprenderemos a sorrir. Hoje, já dei um passo nessa direcção. Na direcção do rumo que tu traçaste para nós: Sermos sempre felizes.
Foram breves minutos, mas comecei a sonhar com uma prova...