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Fiz dois treinos, esta semana, na praia.
No final da tarde, quando as praias ficam desertas e o sol declina no horizonte, tenho apenas as gaivotas e os pescadores descarregando os barcos com peixe prateado e saltitante - num último sopro de vida - por companhia.
O cenário muda em poucas horas.
Imagino, algum tempo atrás, esta extensão imensa de areia coberta de garridas toalhas estendidas, chapéus de sol, baldes e pás, gente miúda e graúda deliciando-se com o fresco da água e as brincadeiras com amigos.
Agora, a praia oferece-se só para mim. Sinto-a pura, fresca e cheirosa como noiva banhada em óleos requintados. Oiço-a no sussurro das ondas que desmaiam e nos gritos das gaivotas que descansam.
Sinto-me livre e livremente corro na areia.
Calcei as sapatilhas. Ontem tinha corrido descalça. Foi bom sentir a areia molhada, levemente áspera, deslizar por entre os pés nus. Mas ao fim de algum tempo, senti-me cansada. A maré que vazava deixava um tapete virgem de grãos compactos, tornando aquela areia fofa, quando exposta ao sol quente, num piso duro e desgastante.
Corri calçada. As gaivotas riam-se. Achavam engraçado as marcas que deixava atrás de mim. Elas, elegantemente mal pisavam a areia, deixando-lhe a marca ténue dos seus passos de ballet.