existe sempre alguém ...passo e fico como o universo...
18
Ago 08
publicado por alemvirtual, às 09:33link do post | comentar | ver comentários (1)

 

 

 

 

 

foto retirada de www.pontinha.pt/.../joaquina%20flores_done_1.jpg

 

As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembrancas que doem
Ou fazem sorrir
Há gente que fica na história 
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir
Sao emoções que dão vida 
À saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que
marcam a alma e a vida da gente
e aquele em que tu me
deixaste nao posso esquecer
...

 

E com estas palavras de um fado nostálgico, como só o fado sabe ser terminou a reportagem televisiva de um mundo encantado que é o mundo do desporto.

Chamaram-lhe a "Corrida contra o tempo" e fez-me lembrar um post que escrevi há alguns meseS atrás com o mesmo título. O meu falava da corrida pela vida numa tentativa de vencer o cancro que alastrava no corpo da minha filha. Ela, nessa corrida contra o tempo, legou-nos um testemunho maravilhoso de Amor e Coragem, de Força de Viver e Determinação. Ela corria pela vida. Eu corria por ela. Ou melhor, foi nessa altura que comecei a correr.

A "Corrida contra o Tempo" que vi hoje trouxe-me também muita emoção. Lágrimas rolaram-me pelas faces sem que o pudesse evitar. Estava perante um testemunho, igualmente maravilhoso, de um punhado de homens e mulheres veteranos, para quem a Força de Viver, a Coragem e a Determinação são modos de ser e estar na vida.

Que dizer também do espírito de união, da esperança no futuro, da certeza do momento presente e de "nunca ser tarde para começar?"

Se neste ano, na Eslovénia, no Campeonato Europeu de Veterenos não esteve presente um atleta com 99 anos, por estar doente, a certeza com que os seus colegas afirmaram "para o ano vai cá estar a festejar os 100 anos", é fantástica.

Grandes lições de vida que enriquecem quem tem o coração aberto para as receber. Contra todas as adversidades, estes veneráveis veteranos enfrentam, dia a dia, uma vida que quiseram diferente. E não se rendem. Não abdicam do prazer do atletismo, mesmo se os bolsos estiverem quase permanentemente vazios.

É ao ouvir os seus testemunhos que pseudo-atletas como eu têm pensamentos arrojados. Se eles foram  a tempo, eu também estou a tempo. E que sensação inebriante esta, de pensar "ainda vale a pena", "ainda sou capaz"...

Mensagem sublime a extrapolar para todas as vertentes da nossa vida. Da minha vida. Correr por vários motivos ou correr apenas quando o motivo é a própria corrida. Nada mais simples, nada mais fácil. Basta querer e não nos  deixarmos sucumbir aos tombos e às quedas dadas pelos caminhos.

Não imaginam o bálsamo que foi ouvir essas palavras vindas de quem eu poderia chamar "avô". Calaram fundo no meu coração. Foi como uma promessa feita especialmente para mim.

E Enquanto a bandeira portuguesa subia e desafinadamente se cantava o hino, juntei as minhas lágrimas às deles. Fui feliz com eles. E essa felicidade abriu uma portinha pequena e estreita de um sonho, por onde eu ainda "estou a tempo" de entrar. Onde eu vou querer entrar.

 

A minha filha tinha muito orgunho na mãe e eu corria por ela. Talvez Deus permita que, continuando a correr, ainda venha a conhecer netos que se orgulhem da avó.

Se já não ouço as palavras "Força Mãe. És a Maior", posso vir a ouvir um dia, dentro de alguns anos, umas vozitas esganiçadas gritarem:" Vamos vovó. És a Maior".

 

A reportagem valeu por aqueles bravos homens e mulheres e continuará a valer enquanto este espírito do não derrotismo se continuar a espalhar pelos quatro cantos da terra. Os mais velhos têm seguramente um papel primordial na motivação de quem ainda anda "perdido".

Não desistam, por favor. Contamos convosco. Eu quero apanhar esse "comboio".

Também o meu tempo está a contar...tic-tac...tic-tac.

 

Os meus sinceros parabéns à SIC pela qualidade pedadógica, pelo testemunho positivo de vidas pautadas por valores humanistas e sociais. Valores que já deveriam ser protegidos e defendidos acerrimamente pelo nosso quadro legal porque me parecem estar perigosamente ameçados. (ironia)

 

 

O Tempo pode esperar...(10/07/2007)

 

O que existe para além de cada curva do caminho?

 

Ela caminhava pela estrada, nem triste nem alegre, apenas diferente. Era uma boneca de corda. Sorriso nem sempre fácil, mas sincero. Olhar profundo e nostálgico.

No reino da fantasia, as bonecas andavam e falavam, pensavam e sentiam. Esta sonhava e seguia uma estrada deserta; vereda trilhada por entre campos verdejantes. Mar verde ondulante em cada brisa de tarde que caía...

Durante muito tempo a boneca andou. Afastou-se da cidade das bonecas que fica no reino da fantasia. E quanto mais se afastava mais tecia a teia de sonhos que buscava em cada curva desvendada.

Alguém lhe tinha prometido um tesouro. Confiante, buscava-o. Um tesouro...fascinante, aliciante...ébria, precocemente, do turbilhão antecipado ao desvendá-lo...endoideceria ao descobri-lo. Doce loucura esta de ser uma boneca diferente em busca de um tesouro prometido.

 

Sentia a seu lado a presença de alguém. Há algum tempo que o som dos seus passos o denunciava. Presença insignificante quando se fita o futuro, presente em cada passo mais além...

E seguia...parecia ter percorrido uma imensidão. Parou para descansar. O som dos passos que a acompanhavam prosseguia...primeiro nítidos, ali perto...quase palpáveis. Depois cada vez mais indistintos à medida que avançava.

Súbito, com a sua vozita timbrada de boneca, gritou aos passos que se perdiam:

- Como te chamas? Pode ser que saiba onde encontrar o tesouro que procuro - pensou. Até pode ser que o encontre antes de mim...

O eco devolveu-lhe a sua voz e logo outra, ampliada pela solidão do espaço:

- Sou o tempo...tempo...tempo...

 

Ergueu-se.

O tempo passou aqui. O tempo passou por  mim e eu deixei que o tempo passasse.

Era esse o tesouro que procurava, compreendeu.

E quis agarrar o tempo.

 

Boneca de corda, no reino da fantasia...

 

E o tempo esperará por ela?


10
Ago 08
publicado por alemvirtual, às 21:34link do post | comentar | ver comentários (2)

Fanatismo


Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver !
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida !


Não vejo nada assim enlouquecida ...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida !


"Tudo no mundo é frágil, tudo passa ..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim !


E, olhos postos em ti, digo de rastros :
"Ah ! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus : Princípio e Fim ! ..."

Florbela Espanca
Livro de Soror Saudade (1923)


imagem retirada de: farm2.static.flickr.com/1042/1343102785_e9b7f...

O sol ainda ia alto, mas obriguei-me a sair de casa. Levantar-me da cama onde tinha estado toda a tarde deitada a ler.

Uma luz imensa inundava o Parque da Paz, tornando o verde ainda mais verde e o céu ainda mais azul. Tudo intenso como intensas eram as minhas recordações. Hoje, parece uma dia igual a tantos outros, mas não. Para mim, é um dia diferente. Terrível apesar da sua beleza. E quanto mais me deslumbrava com os raios de sol e o voo de flocos brancos no horizonte. mais tormentosa se tornava esta vivência. Corri com raiva, com revolta, com uma amargura imensa. Mas corri e mantive um ritmo, aos olhos de quem via, controlado. Afinal, o turbilhão interior não importa divulgar.

E assim, fui apenas mais uma pessoa a pisar a relva verde, a subir e a descer pelos trilhos no pinhal.  

 

Entre o dia que partiste e o dia em que irei ao teu encontro, existe uma ponte que me obrigo a percorrer. Um dia estaremos na mesma margem. É essa certeza que me conforta. E nessa doce esperança, os dias escoam-se. Nuns nada faço. Noutros faço tudo quanto desejavas que fizesse "sempre com um sorriso no rosto" como me pediste. É difícil mas cá estou. Uns dias sorrindo, outros chorando. Como hoje, mas ainda assim não deixei de correr.

 

Ontem fiz 40 minutos e hoje 45 minutos. Ontem corri de manhã. Hoje, à luz da tarde. Amanhã não sei. Talvez uma corrida à beira-mar.

Vamos sentir a brisa do mar e chapinhar na água?

imagem retirada de: clientes.netvisao.pt/.../blog01_caparica_01.jpg

A praia onde costumo correr.


08
Ago 08
publicado por alemvirtual, às 23:22link do post | comentar | ver comentários (2)

"Eu sou eu e a minha circunstância" Ortega y Gasset

 

Não sou determinista. Creio que privilegio uma abordagem sistémica e um modelo ecológico na interpretação do mundo e do comportamento. Sem querer entrar em campos do conhecimento que nada têm a ver com o que devia ser o teor de deste espaço (à primeira vista), ainda assim, considerei esta referência como pertinente na tentativa de justificação do meu agir (ou falta de acção), ao longo dos últimos tempos.
 
Há imenso tempo que não treino. Motivos não faltaram. Os que existiam, de facto, e condicionavam o tempo para tal e aqueles inventados como pretexto para não o fazer. As razões não importam, importa mais avaliar o resultado. Nada. Nada, vezes nada, em prol de umas passadas de corrida, no calendário agendado.
 
Estes últimos quinze dias tinham sido uma excelente oportunidade para recomeçar. Podiam ter sido, mas não foram.
No saco, antes de rumar feliz e contente para a minha terra, enfiei as sapatilhas e o resto do equipamento. Conforme foi, assim veio. No entanto, a minha motivação era grande. Pensava eu realizar treinos fabulosos e regressar em boa forma. Fraca motivação esta que não passou de uma intenção não concretizada.
Mas como "eu sou eu e a minha circunstância" vou desculpar-me uma vez mais.
Aqui, onde resido habitualmente, é normal ver pessoas a correr. Homens e mulheres, na pista, nas estradas e nos parques.
Lá, onde resido pontualmente constato que a cultura do atletismo amador ainda não se instalou. Até há bem pouco tempo atrás, também eu engrossava o número dos que achavam a corrida uma maçada. Coisa de doidos. Lá ir até ao ginásio a uma aula de uma qualquer modalidade ou a uma sessão de treino dirigido, isso sim. Era normal, sinal de modernice e com um quê de coisa chique. Mais uma afirmação de satus que propriamente pelo prazer da actividade. Era um mal necessário. Para as senhoras porque se queriam enfiar em modelos justos de licra (nada pior para realçar as gordurinhas indesejadas). Para os homens, porque suar um bocado e fortalecer os bíceps ainda funciona como atracção sexual. E tudo não passa de um jogo de sedução.
 
Como ia eu pôr-me a correr nas ruas da cidade onde só se vêem saltos altos e cabelos ainda a deitar fumo dos secadores profissionais? Faltou-me a coragem. Claro que se a vontade fosse muito teria vencido o ambiente desfavorável, mas...
Se não posso correr nas ruas, resta-me o Parque do Bonito. É um espaço verde e agradável para a prática de actividades ao ar livre, mas... Outro mas. É um lugar pouco frequentado para não dizer, na maior parte das vezes deserto. Conta com jovens namorados e "famílias felizes" a brincarem com os rebentos, ao fim-de-semana à tarde. Encontrar outros corredores pela manhã cedo ou ao cair da noite, isso já é coisa rara. Medricas como sou...Vale mais ficar em casa.
Ainda tinha o Parque Almourol. Um local lindo após o embelezamento das margens do Tejo. No entanto é um espaço para passeio, não para corrida.
Ir correr para Constância? Sim, era uma possibilidade. Mas ainda sou mais conhecida lá que no Entroncamento. Que diriam ao ver-me correr por ali sozinha? Endoideceu de vez. E já sei os motivos que imaginariam para isso ter acontecido. Não andariam muito longe, mas não. Ainda não endoideci. Acho que estou cada vez mais lúcida.
Posto este raciocínio e a minha auto-avaliação, sou levada a tentar dar razão ao inocente do Zé-Povinho (no qual eu me incluo). Talvez seja sintoma de loucura momentânea, penasr que sem treinar, quero cumprir o calendário de provas que me proponho fazer. Talvez...
Eu sou eu e a minha circunstância. E a minha circunstância teve tanta força que condicionou (sou branda, não gosto do determinou) as sessões de treinos espectaculares que queria fazer nestes primeiros 15 dias de Agosto.
 
 www.parquealmourol.com/...conteudos/Image/9-Parq
 

Parque Almourol - Barquinha

Parque Ambiental de Santa Maragarida - Constância
PARQUE DO BONITO - Entroncamento

 

www.cm-entroncamento.pt/.../Foto12.gif

 

 

O Tempo pergunta ao tempo quanto tempo o Tempo tem... 

 


02
Ago 08
publicado por alemvirtual, às 13:23link do post | comentar

Dia 30 de Agosto, assinalando o aniversário do seu nascimento;

19 Horas; Igreja da Misericórdia em Constância

Encontro de amigos junto da sua sepultura às 18 horas;

 

 

Dia 31 de Agosto, assinalando 1 ano sobre o seu falecimento;

12 horas; Igreja Matriz em Constância 

img507/7571/nve00029zj6.png

 

Agradeço a todos quantos se quiserem juntar a nós.


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