existe sempre alguém ...passo e fico como o universo...
28
Out 08
publicado por alemvirtual, às 14:22link do post | comentar | ver comentários (6)

Domingo, 26 de Outubro, 10h - Grande Prémio da Cruz de Pau

 

Promovido pelo Clube Recreativo da Cruz de Pau com o apoio da Junta de Freguesia da Amora e outros, publicamente divulgados, aos quais a organização expressou o seu reconhecimento, mas que não memorizei. De qualquer modo, parece-me que o concelho vizinho - SEIXAL - promove efectivamente o DESPORTO. Promoção numa perspectiva popular, não elitista, de prática de actividade física, do "mexer-se" por prazer e por benefício da saúde. Dos pequenotes aos "entradotes", a festa matinal da corrida, aos Domingos de manhã,  parece ter criado muitas e sólidas raízes por aquelas bandas.

 

 

Um percurso bonito, muito bonito mesmo (já fiz três provas diferentes promovidas por clubes desta zona que adoptaram este circuito). Não sei ao certo quantos quilómetros corremos. Ouvi falar em 13,9 Km.

 

Gastei 1h 15m 52 seg

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a equipa antes da prova

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a Sede do Clube promotor da corrida

 

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eu eo o "chefe" a chegarmos à meta

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eu e o Luís (aniversariante neste dia)

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a equipa da prova grande e da caminhada depois de cantarmos alto e bom som os "Parabéns a você"

 


27
Out 08
publicado por alemvirtual, às 21:08link do post | comentar

 

Se Almeirim é parte do coração do Ribatejo, o Ribatejo é, sem dúvida, o coração de Portugal. Batidas pulsantes de vida, em cada canto e recanto desta pacata cidade, assumiram a forma de gente. Gente que adornou as janelas, que saiu à rua, que aplaudiu, riu e cantou, enquanto durou a festa da corrida.

A festa nasceu cedo, correu à tarde e dançou à noite. 

E quando a festa partiu, braços cansados trabalharam noite dentro para devolver à cidade o asseio das ruas empedradas. Na outra manhã, nessa manhã que tarda em chegar, devolve-se o sossego à brancura das paredes.

As batidas frenéticas abrandam. Regressa a calmaria e o convívio em torno da panela que fumega, no aroma de feijão cozido que se espalha e do pão quente que sai do forno. O ritmo é, novamente, marcado pelo sol que se levanta, nos cachos de uva colhidos, nos melões que refrescam a tarde, na chuva que lava os campos e na geada que branqueia o caminho.  Até à próxima festa ...

 

Cartaz da prova

 

Foram 56 atletas inscritos para a Taça dos Clubes Campeões da Europa, 841 para a Meia Maratona e 1316 para a Mini que alinharam à partida pelas 16 horas. O sol quente de um Outono absurdamente estival dificultou um pouco a tarefa que cada um se propunha cumprir.

Uma prova que prima pela excelência na organização, na abundância de "mimos" aos participantes e na mobilização de apoios e patrocínios.

Nada foi deixado ao acaso, nem relegado para segundo plano. A segurança (que é algo que me chama sempre a atenção) foi assegurada ao pormenor: estradas cortadas, agentes de forças policiais num número incrível (não que os tenha contabilizado, mas mesmo assim, do que vi, leva-me a desconfiar que o baixo número de agentes de que tanto se fala não é a realidade deste meio e ainda bem!), bombeiros, carros de apoio, carros "médicos" devidamente identificados, escuteiros, bicicletas e motos com elementos de organização...em tudo se notava um extremo cuidado nas questões da segurança e do auxílio a quem necessitasse de cuidados imediatos.

Os abastecimentos funcionaram na perfeição. A indicação do percurso era clara, delimitada por grades, orientada por escuteiros, agentes de segurança e elementos da organização. Os quilómetros estavam assinalados de forma bem visível.

O percurso é bonito pelas ruas de Almeirim, seguindo depois (a prova principal) em direcção a Alpiarça e regressando pela estrada Nacional nº 118. A Mini acompanha a prova da Meia Maratona nos seus primeiros 5 Km, sendo depois desviada para a entrega do respectivo dorsal e recolha do saco recheado de lembranças , enquanto os outros atletas passam o primeiro controle.

Stands de artigos desportivos, o tradicional frade da lenda da Sopa da Pedra e seus "confrades" ajudam a criar uma atmosfera única junto à zona da Meta. Bancadas colocadas estrategicamente permitiam uma boa acomodação a convidados e acompanhantes.

No final do esforço, os duches colocados à disposição no Pavilhão Municipal, refrescaram o corpo enquanto o espírito saboreava por antecipação a fabulosa sopa da pedra servida no recinto mesmo ao lado. Terminada a "festa do desporto" começava a "festa gastronómica"  e o convívio popular.

Também aqui, a organização continuava a superar as expectativas. Nada faltou. A abundância saciou estômagos famintos e bocas sequiosas: sumos, água, vinho, sopa e pão. Tudo servido com a máxima higiene e com um sabor...bem, a sopa estava de tal maneira saborosa que não exagero se disser que foi a melhor sopa da pedra que comi na vida! Só não encontrei a pedra...parece que passou a fazer parte da lenda...

E olhem que não corri muito para a merecer. Apenas 5 Km, oficialmente, num tempo que rondou os 31 minutos.

Corri mais um pouquinho para acompanhar um amigo no final da Meia Maratona e recebi tantas palmas das gentes que teimavam em não abandonar as ruas, apesar do sol declinar no horizonte que quase me convenci que os 5 Km se tinham transformado numa distância quase mítica...

 

Um pequeno reparo para nós, participantes...

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(esta foi a mesa de um grupo ao nosso lado)

 

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outra mesa: cadeiras empilhadas e os desperdícios ensacados no contentor...e não custou nada

 

Algumas fotos:

 

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a caminho do final

 

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um dos "carros médicos"

 

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a "chefinha" na recolha das tampinhas

 


19
Out 08
publicado por alemvirtual, às 17:43link do post | comentar | ver comentários (7)

 

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 Mais que uma prova... um convívio entre amigos

 

58´ 09´´ de conversa, sorrisos, palmas, música,  passos de dança e alguns passos de corrida; os suficientes para percorrer os 10 Km.

 

http://www.corridadotejo.com/

 

No final, agendaram-se as próximas corridas:

 

- 20 Km Almeirim (este ano, Meia Maratona) - dia 25

 

- Grande Prémio da Cruz de Pau - dia 26

 

- 10 Milhas do Guadiana - dia 9 de Novembro (com partida do lado espanhol)

 

 

 


12
Out 08
publicado por alemvirtual, às 16:38link do post | comentar | ver comentários (3)

A meio da manhã, chegámos à Praia da Mata (Costa de Caparica). Pensávamos que a maré estava vazia, favorável a uma corridinha na areia. Engano, mas nem por isso deixei de correr...

 

O pardacento do céu confundia-se com a quase ausência de cor do mar revolto; aqui e ali, manchas escuras reflectindo enormes castelos de nuvens cinzentas; as vagas quebravam-se numa rebentação violenta muito antes de alcançarem a areia. Um verdadeiro paraíso para os amantes do surf. Mais numerosos que as fugidias gaivotas ao pressentirem tempestade no mar,  corpos negros e esguios desafiavam a crista das ondas em poses de equilíbrio gracioso, antes de serem vencidos e desaparecerem engolidos em espuma branca.

 

O areal é macio e virgem de pegadas. Continuamente lavada em golpes de água salgada, esta areia estende-se a perder de vista num horizonte difuso, talvez bem perto da Fonte da Telha.

Toda a praia, a vastidão desta praia é um apelo imperioso aos sentidos...irresistível...sensual.

 Dunas sinuosas, como se mãos habilidosas as tivessem recortado, enfrentam a fúria da água, nas tempestades de Inverno. Mas no princípio do Outono permanecem a salvo das investidas do mar. Uma luta repetida cada ano: o poder do mar e a resistência das dunas. No meio, a esperança de que a areia sustenha o avanço do reino de Neptuno.

 

Avançando, também fui eu dando graças a Deus pela beleza que nos circunda.

Ao longo da linha de água, corri como as crianças fugindo das ondas. Em ziguezague, subia e descia ao ritmo do seu vaivém. Pouco corri em areia molhada e mesmo essa estava tão empapada que os pés se afundavam uns bons centímetros. Concentrei-me no som engraçado que a água fazia ao se infiltrar em bruraquinhos na areia. Semelhante ao engolir de uma garganta sedenta. De vez em quando, esmagava uma concha vazia.

A sensação da mais pura liberdade invadiu-me. E invadiu-me uma torrente de recordações. De quando a minha Margaret podia ver e sentir esta praia...

 

Fiz o retorno naquele que eu chamo o "último café da praia". Para além dele, é o isolamento completo. Mar e céu.

Quando pensava inverter o sentido da corrida, o ribombar de um trovão fez estremecer a areia. É um medo antigo e sempre novo. Tenho pavor de trovoadas. Embora tenha demorado menos tempo no regresso, a extensão corrida pareceu-me infindável. Por fim, lá avistei o Luís.

O desejo de voar da praia para longe era imenso, mas ainda tive coragem (como resitir?) a uma entrada no mar. Há que exorcizar os nossos medos e os fantasmas de infância. Depois, coberta de areia, voltei costas ao mar. Haverá outros dias e outras manhãs de Outono...o apelo do mar não se pode ignorar.

 

A imagem não é da Costa de Caparica, mas acho-a linda.

Tirei-a de: www.pescadesportiva-pt.net/.../mar%20mar.jpg

 

 

 

 

 


08
Out 08
publicado por alemvirtual, às 09:43link do post | comentar | ver comentários (4)

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No fim da 1ª volta

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Quase a chegar à Meta

 

Tal como imaginava esta foi uma prova muito bonita. Bonito o seu percurso, o dia de sol (demasiado quente), as águas do mar espelhadas de um azul intenso, concorrendo com o céu limpído de um azul ainda mais intenso. As ruas emanavam uma claridade ofuscante. O vento tinha adormecido na sombra de um pinheiro. Tudo era luz e cor.

Havia também o cheiro. Uma mistura de cheiros tão intensa como as cores. O acre salgado do mar, trazido até nós pela maresia, a caruma ressequida dos pinheiros, o cheiro a peixe fresco e o cheiro convidativo daqueles que douravam nas brasas dos grelhadores.

 

Sesimbra podia ser chamada de Princesa do Mar. Estava quase perfeita. Esta jóia à "beira-mar plantada" foi assaltada por um bando de corredores, como antes foi assaltada pelos bandos de gaivotas. Essas ficaram, mesmo depois de termos partido. Sei que ainda lá estão.

Enquanto houver mar e um pedaço de areia, haverá um bando de gaivotas.

Enquanto houver quem goste de correr haverá alegria, suor e cansaço pelas ruas.

 

Não me senti muito feliz com esta corrida. Nem antes, nem durante, nem depois de correr.

Sei que a culpa não é inteiramente da condição física. Mas senti-me como se um juíz apontasse o dedo e pronunciasse: "culpada".

Parti do fundo do pelotão. Talvez um pouco depressa demais.

Ao 3º ou 4º Km pensei em desistir. Como fazê-lo com o meu amigo António a acompanhar-me passo a passo?

Foi muito difícil até ao 7º Km. Sentia dores estranhas e um calor ainda mais estranho. Um cansaço fora do comum. Só queria mesmo sair dali, decepcionada com quase tudo, sobretudo comigo mesma. A liberdade de opção nem sempre é possível e real (será alguma vez?). A amizade corria a meu lado. Aquela que não vai nem atrás nem à frente, mas ao lado. Estendendo a mão. Murmurando palavras ternas. Lembrando que somos capazes. Por isso, continuei a correr. Devagar, muito devagar. Depois ganhei força e correria para além da meta, para além do mar e para além da vida.

Devaneios de quem se ilude com coisas simples. A vida é uma manta de retalhos. Alguns, pensamos serem de bom tecido. Mas o linho corroeu-se. Veio a traça e não resistiu. Guardou-se e amareleceu num canto escuro do armário. Não se mostra e ganha bafio. Quando chegar o dia da festa (adia-se a vida sempre para "amanhã", para a ocasião especial, sem se perceber que a vida é cada instante que se vive), quando chegar o dia ansiado e sempre adiado e se procure a manta para enfeitar a varanda, a frustração será grande. A relíquia, esse tesouro guardado deixou de existir.

Estranhas palavras sobre corrida. Mas há muitas corridas.

Também existem as corridas projectadas, apenas "porque sim", "porque quero". Essas, normalmente não as faço.

Desde o primeiro passo de corrida, percebi que não importa quanto corremos, nem porque corremos, mas como corremos.

Correr pode ser uma catarse, como escrever. Verbalizar o que nos causa sofrimento, é sem dúvida tirar força aos monstros que nos assustam.

 

Em Sesimbra fiz 59 minutos e 28 segundos.

 

 


03
Out 08
publicado por alemvirtual, às 21:53link do post | comentar | ver comentários (2)

foto retirada de: http://www.trabas.de/bilder/sesimbra.jpg

 

Sesimbra

 

Sesimbra faz parte da bagagem de recordações da infância. Daquele tempo de menina e moça, aluna de bata branca de uma escola caiada de branco, numa vila branca do interior do país. Naquele tempo em que as "viagens de estudo" dos tempos modernos, se chamavam simplesmente excursões.

Foram tempos em que as crianças vibravam com a perspectiva de um "passeio". Em que recebia 50 escudos e com eles comprava gelados, postais ilustrados e lembranças para o pai, a mãe e a irmã. Muitas vezes, ainda voltava com umas moedas na carteira. Voltava sobretudo com um cansaço feliz e a euforia da descoberta de uma terra maravilhosa.

Foi o tempo em que todos os tempos pareciam felizes.

Mesmo quando a bata branca da escola primária deu lugar à bata preta do colégio, as excursões continuaram a ser momentos mágicos de risos e aventura. 

Nada se comparava à excitação da véspera da partida e à doçura da liberdade sentida no avançar lento do autocarro.

Há muitos (já posso repetir), muitos anos atrás, as crianças ainda tinham um mundo imenso para descobrir. E foi pelas mãos das professoras que esse mundo se tornou um pouco mais pequeno. Eram elas que destruíam as fronteiras do isolamento e deslumbravam os olhares gaiatos em cada destino conquistado.

Acho que só fazíamos uma excursão por ano. Era sempre uma festa. Uma festa simples. Naquele tempo era fácil ser simples e mais fácil ainda mostrar um mundo sempre novo.

Sesimbra foi um dos destinos, num ano qualquer, impossível de precisar no tempo. Porém, a lembrança do vento frio do mar, o cheiro a maresia, a costa recortada continuam nítidas como nesse final de manhã de sol forte e vento agreste. Como se fosse ontem. Como se tivesse recuado no tempo.

Esse tempo, foi o tempo da recolha dos tesouros, da riqueza acumulada nos bolsos imaculados da bata que se vestia. Bebíamos as palavras da professora como plantas sôfregas por uma gota de água. E a professora mitigava a sede do saber. "E depois, Srª Professora?" "E o que há lá?" "Ahhh...que lindo, Srª Professora". E os olhos curiosos das crianças pasmavam perante a sabedoria daquela senhora de cabelo loiro e fato escuro.

 

Voltei a muitos lugares visitados em criança. E voltei algumas vezes no papel de professora. Agora, não é fácil deslumbrar as crianças. Ou elas já não se deixam deslumbrar. Talvez sejam crianças mais tristes. É urgente descobrir um mundo novo para lhes oferecer. "Oh...vamos aí...? - e percebe-se uma ponta de desdém, ou decepção. "Já conheço. Não vou". "Não me interessa, não quero ir". E os autocarros partem quase vazios, ou com rostos entediados. (e o "destino" que importa não é a praia, nem o museu, nem a feira com os carrinhos de choque: é a vida. Uma vida "pré-comprada" no pronto a vestir, na hamburgaria, na consola...)

 

Continuamente inventamos "coisas novas", mas continuamos presas às "coisas velhas" do passado. Muitas para acalentar no baú das lembranças e partilhar com carinho. Outras para deitar no lixo como farrapo poído e imprestável. E com tecidos velhos, tecemos em cada dia um vestido novo. É essa a nossa missão.

 

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.

 

Continuamente vemos novidades,

diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem – se algum houve – as saudades.

 

O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e enfim converte em choro o doce canto.

 

E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto:
que não se muda já como soía.

 

Luís de Camões

 

No Domingo, vou voltar a Sesimbra. E vou tentar descobrir a magia da primeira vez. Talvez se tenha escondido na areia da praia, ou nas copas verdes sobranceiras ao mar. Vou correr. E vou estar atenta, não vá eu, distraída passar por ela e não a ver. Se não for eu a descobri-la, pode ser que seja ela a chamar por mim...

 

 


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