Queria o marulhar das ondas nas palavras.
Queria geleia doce como seiva dos pinheiros, escorrendo das palavras. Carregadas de geleia de cor âmbar, subjugando-se à doçura e escorrendo para fora das linhas..
Queria o sal agreste do mar que salpica o rosto cansado, olhando o infinito.
Queria embriagar-me com a terra molhada, revolvida, ao despique com a caruma ainda seca sob os pés, o eucalipto com cheiro a menta.
Queria perder-me nos bazares marroquinos. Queria atulhar-me de chás e especiarias. Queria encher-me de brincos enormes, pulseiras cantantes e perfumes adocicados. Queria vestir-me de forma estranha e deixar que o ritmo exótico tomasse conta de mim.
Queria correr descalça nas areias de um oásis e comer tâmaras assadas em folhas verdes de milho.
Queria calçar umas sapatilhas e correr. Voar sobre os campos e ser livre. Não ter corpo, nem voz, nem coraçáo, nem memórias, apenas um horizonte para atingir correndo.
Queria calçar os meus sapatos novos (esquecidos numa gaveta) de danças latinas e enebriar-me nas voltas de uma rumba.
Queria ter um espaço branco, umas grandes águas-furtadas, nas alturas, avistando o Cristo Rei, onde misturava cores em telas, chamando-lhe pintura.
Queria ter termpo de nunca ter tempo.
Hoje, sobra-me o tempo porque o tempo não existe. Ele é o que quisermos que seja. E o meu tempo espero ter terminado.
Caminho para uma nova vida. Uma estrelinha que me acena e a quem não posso fazer esperar.
Não sei qual foi o título do meu primeiro post. Acho que "Confinfências". Passados 3 anos e 140. 000 visitas, será um bom título para terminar.
http://www.youtube.com/watch?v=aZQlu7J35jk&feature=related