Entra pela janela os acordes dolentes do fado de Coimbra. Um "Rouxinol" canta a angústia de uma voz que se vai calando. Nas notas amarguradas da guitarra que chora, uma outra voz se vai apagando... Um Rouxinol que luta por um último suspiro de vida. Como se na noite escura procurasse um galho para abrigo do sofrimento que o envolve. É um Rouxinol que tem nome de Mãe. E aqui, longe e só, se procura estar perto, no desabafo das palavras e na união do pensamento que parte, em busca das memórias que ficam.
Breves momentos estes que transformam o trinado alegre das aves, em lamentos contidos de dor.
Procura-se sentido no fado, mas que sentido buscar neste fado do destino?
Debruçada no portão acenava uma despedida que não sabia tão perto. Um adeus que não adivinhava tão rápido. Uma luta entre o ir e o ficar, neste recanto de dor. E nasce de novo o "porquê"? Porque não ir apenas em paz?
Vida. Morte. Entre elas o fado...
E como em todos os fados, a solidão é a marca que teima em ficar. Só. Eu. Ela. Porquê?