
Sopra alto o vento lá fora;
Mas também meu pensamento
Tem um vento que o devora.
Há uma íntima intenção
Que tumultua em meu ser
E faz do meu coração
O que um vento quer varrer;
Não sei se há ramos deitados
Abaixo no temporal,
Se pés do chão levantados
Num sopro onde tudo é igual.
Dos ramos que ali caíram
Sei só que há mágoas e dores
Destinadas a não ser
Mais que um desfolhar de flores.
O vento tem muitas vozes. Palavras leva-as o vento, ou diria eu, palavras que traz o vento...
São murmúrios, orações,
São sussurros e saudades,
Afagos, Recordações...
São gritos e angústias,
São lamentos e são ais.
São palavras de amor,
sopram ternura e alento,
São facas, ríspidas e frias
Vozes, palavras, momentos...
O vento suave, a brisa ligeira, o vento forte, a fúria da ventania são vozes, são ecos da alma . E quando ela se agita em remoínhos descontrolados, solta-se em brados de tempestade...
Para mergulhar, logo após, na acalmia desses urros...a voz, então é doce, melancólica, com timbre de amores.
E, hoje, a minh´alma dissonante com o vento, contrapõe suaves palavras a rugidos para lá da vidraça.