Gosto de escrever. Algumas vezes, sobre sobre isto ou aquilo. Outras, mais sobre isto. Muitas, sobre aquilo. Ainda mais, sobre coisa nenhuma. Não importa. Gosto de escrever e ponto final.
As palavras ganham vida. É a magia das palavras. Apenas umas letras que se juntam. De um montinho se faz um pensamento, como se de um canteiro de sementes se tratasse. Juntam-se outras letrinhas. Mais umas bem juntinhas e outras mais para além. Separadas mas não muito. E assim nasce um jardim. Semente a semente. Com carinho, com ternura se cuidam em cada dia. Nascem contos e histórias. Nascem vidas e tragédias. Glórias. Relatos e epopeias. Guerras, amores e conquistas.
As palavras nascem assim. Da vontade da razão. Dos sonhos e emoções. Nascem apenas porque sim. Morrem outras porque não.
Gosto de escrever sobre, a maior parte das vezes, nenhuma coisa em especial.
E enquanto as frases se vão formando, ganhando uma vida própria, dou por mim a pensar em coisas mesmo especiais. Momentos únicos. Pessoais. E noto que as palavras, nem sempre traduzem o que se sente. Podem encerrar caminhos, conter amarras, alargar horizontes. Rir e chorar. Podem cantar. E o pensamento pode errar. Divagar. Ir além do que se escreve. As palavras são volúveis, infiéis.
Se tantas vezes gosto de escrever sobre coisa nenhuma, este é um desses momentos.
As palavras surgem e o pensamento voa.
Assim, como papagaio de papel. Um pássaro colorido que ganha vida ao sabor do capricho do vento e das mãos de uma criança.